sábado, 8 de setembro de 2012

QUANDO NÃO SE TEM MAIS IDENTIDADE PRÓPRIA...






Barack Obama ‘aceitou’ a indicação do Partido Democrata para disputar a reeleição. Grande novidade.Sabíamos que aceitaria.E seu discurso “mais do mesmo”...Bom, também tínhamos conhecimento prévio disso. Nada do que ele diria poderia fazer com que as massas pudessem ficar impressionadas.Talvez,os mais ingênuos,acostumados a citar o fato de que ele é ‘o primeiro presidente afro-americano” a chegar à Casa branca. Tirando isso, ele não se diferencia dos demais antecessores, em praticamente nada.







"Eu concorri para a Presidência quando vi que essa essência estava 
acabando, quando em 2008 vimos que por quase uma década as famílias americanas lutavam contra o aumento do custo de vida, a hipoteca, o preço da gasolina, dos alimentos. Uma tragédia da qual ainda estamos lutando para se recuperar."

Claramente criticando a administração de George W. Bush e com um tom quase messiânico,Obama insinua que ele poderia resolver as adversidades, e que estes problemas foram suas prioridades, durante o primeiro mandato. Conversa fiada. Primeiro, é evidente que pior do estava não poderia ficar. Segundo, que passado o primeiro semestre, sua gestão recrudesceu a tal ponto que já não era possível ver a diferença entre as duas presidências. Ele e Bush começaram a ter mais em comum do que gostaria seu eleitor mediano.






"Cada vez mais, ouvimos de nossos adversários que mais cortes e menos regulamentação fiscal são a única solução. Que, já que o governo não pode fazer tudo, ele deve fazer quase nada.Mas sabe de uma coisa? Isso não é o que somos. Isso não é o nosso país”.

Estranho Obama dizer isso. Ele seguiu passo a passo a cartilha conservadora dos republicanos.Talvez porque soubesse que esse era o caminho mais seguro para não desagradar seus novos amiguinhos de Wall Street.

"Quando tudo estiver dito e feito --quando você pegar a cédula de voto-- você terá de enfrentar uma das escolhas mais importantes em uma geração. Ao longo dos próximos anos, grandes decisões serão tomadas em Washington sobre emprego, economia, impostos, deficits, energia, educação, guerra e paz --decisões que terão um enorme impacto em nossas vidas e nas vidas de nossos filhos."

Perceba que o tema “guerra” já é recorrente na agenda democrata. Sempre o foi para o Partido Republicano. Mas desde Bill Clinton, que cometeu perjúrio negando que manteve relações sexuais com sua assistente Mônica Lewinski,e ao ver o cerco se fechando, ordenou um bombardeio pesado contra o Iraque (mais uma vez, Saddam pagou pelo o que não fez) pra desviar a atenção da mídia, o tema militar ganhou mais força do que de costume.







Todos os tópicos que ele citou foram mal resolvidos por sua gestão equivocada. Suas promessas de campanha quase foram esquecidas por completo. Saúde e educação não obtiveram melhoras (afinal,lá como cá, não se educa melhor para não correr o risco de ver um povo mais consciente tirar políticos incompetentes do poder). E seu eleitorado base foi relegado a segundo plano.

"Vai ser uma escolha entre dois caminhos diferentes para a América. A escolha entre duas visões fundamentalmente diferentes para o futuro."

Outro erro crasso. Não da parte dele, é claro.Mas dos seus eleitores em potencial acreditarem que realmente há dois caminhos diferentes. Nunca a expressão “mais do mesmo” foi tão fácil de se identificar. Assim como no Brasil, o bipartidarismo americano tem se mostrado quase nulo. Poucas coisas diferem um candidato do outro;de um discurso do outro; de um partido para outro. Em mais de um momento Obama se esquivou de temas cruciais,e quando os abordou, foi superficial, como de costume. Ele se apoia no fato de ser carismático, diferentemente de seu opositor. Apoia-se, ainda, no fato dos afro americanos e os hispânicos se identificarem com ele(a questão racial ainda funciona para os mais incautos; quando se esquece sua cor, não há nada que o diferencie de Mitt Romney).

Mas quando o assunto é emprego (taxas altíssimas de desemprego pelo país), base de Guantánamo (sua promessa de campanha em 2008 foi a de fechar as instalações; até agora não saiu do papel),o conflito no Oriente Médio (prometeu lutar pelo reconhecimento do Estado Palestino, mas tem feito vista grossa, tanto ao endurecimento das ações por parte de Israel, quanto ao holocausto palestino), aquecimento da economia(se Clinton fosse seu adversário,diria a ele o que disse a George Bush pai, em 1992:”o problema é a economia, seu estúpido”. Isso lhe garantiu a devida atenção da mídia e fortaleceu seu discurso de campanha).








Talvez por isso o mercado chinês passou a ser referência global, ante um cenário estagnado e prestes a declinar (a chamada curva descendente da economia) dos EUA.

Sem poder se auto proclamar “a melhor economia do mundo”, ou “a maior superpotência do planeta” (já que Rússia e a própria China tem mostrado suas garras, devido à fragilidade americana), cabe ao futuro presidente reverter esse quadro degradante; senão por seus concidadãos, ao menos por algo que lhes é tão especial : O EGO.

Triste ver um país com tanto potencial se mostrar vazio em âmbito político, assim como as republiquetas latino-americanas. Sem perspectivas de melhora a médio prazo,sem opções , sem uma “Terceira Via”, sem um discurso (de qualquer um dos lados) consistente e arrojado. Somente o velho jogo de cena. As mesmas cartas marcadas eleitorais que vem movendo a política americana há décadas. Pra corroborar, é só ver que desta feita, Barack Obama conseguiu muito mais dinheiro para sua campanha (cifras extraoficiais chegam a bilhões), mostrando que ele finalmente se tornou um candidato palatável ao sistema. Bom,ele já era em 2008. Agora, apenas consolidou seu papel de “Ronald Macdonld’s” do Status Quo.


Leia também:

Mensagem de ROBERT KENNEDY para BARACK OBAMA:



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