segunda-feira, 31 de outubro de 2016

VOCÊS, ELEITORES...




Entra ano, sai ano e as eleições se resumem ao mais do mesmo: ataques, contra-ataques  e jogo rasteiro. Nada de novo no front.

E o eleitor? Pode-se dizer que é a “baixa de guerra” nessa carnificina verbal.

Parte da culpa se deve aos veículos de imprensa que, graças aos seus desvarios na campanha presidencial de 1989 (e o apoio descarado a Fernando Collor de Mello) fez com que a lei eleitoral tornasse a cobertura dos pleitos mais engessada. Mas isso não significa que a mídia deve ficar assistindo a tudo, impávida. Escândalos devem ser expostos, propostas malucas devem ser duramente criticadas, projetos dos candidatos podem ter suas eventuais aplicabilidades questionadas e, acima de tudo, mudar a cobertura.



Desde que os candidatos escolhem seus nomes para a corrida eleitoral, as emissoras já lançam seus projetos manjados de debates. Pergunta, réplica, tréplica, plateia e mediador com cara de boneco Playmobil. Claro que nada de útil vai sair de um show desses. E por show tome-se o mais pejorativo possível o sentido.

Os políticos também são culpados pelo menor interesse do brasileiro pela política, ano após ano. Quase sempre os mesmos nomes, as mesmas coligações, os mesmos “projetos”, a mesma ladainha, as mesmas propostas surreais. Não há credulidade que resista.

Gente que passa a campanha se xingando, levantando falso do oponente e criando factoides, sem sequer ter a dignidade de falar do que realmente importa: os reais problemas da cidade.

Mas a maior parte da culpa recai, é claro, sobre você eleitor.
Sim, você que se orgulha de “odiar” política, que não acompanha o dia a dia dos 3 poderes, que prefere se alienar em frente da TV, invés de se interessar pelos problemas de sua comunidade; você que sabe de cor a escalação da porcaria de seu time, mas desconhece os projetos de lei que venham a te afetar; que briga pela sua seleção, mas aceita como capacho os desmandos dos calhordas de colarinho branco. Você que diz "eles são todos iguais" (cabe a nós buscarmos alternativas); que dá a mínima pra democracia, que considerava votar "um saco", que preferia passar o dia no churrasco com os amigos tomando cerveja e ouvindo música de gosto duvidoso. Você que acha que política é uma merda.

Política É uma merda, caro eleitor, porque você assim o quer. Quando todos os eleitores, cidadãos ou contribuintes entenderem sua real importância na sociedade e seu papel de destaque nesse drama, as coisas mudarão.

Até lá, continue confortavelmente entorpecido com seu futebol, novela, reality show ou qualquer outra coisa que ajude esquecer essa dura realidade que á a vida no Brasil.

Democracia é uma coisa trabalhosa. Requer atenção, envolvimento do cidadão e vigilância constante. Sem isso, os espertalhões continuam se impondo pela sua força política e fraqueza do eleitor mais alienado. Muitos não querem todo esse trabalho. Ok, é do jogo. Mas não reclame depois, pois nesse caso você é a parte principal do problema.