Entra ano,
sai ano e as eleições se resumem ao mais do mesmo: ataques, contra-ataques e jogo rasteiro. Nada de novo no front.
E o eleitor?
Pode-se dizer que é a “baixa de guerra” nessa carnificina verbal.
Parte da
culpa se deve aos veículos de imprensa que, graças aos seus desvarios na
campanha presidencial de 1989 (e o apoio descarado a Fernando Collor de Mello)
fez com que a lei eleitoral tornasse a cobertura dos pleitos mais engessada.
Mas isso não significa que a mídia deve ficar assistindo a tudo, impávida.
Escândalos devem ser expostos, propostas malucas devem ser duramente
criticadas, projetos dos candidatos podem ter suas eventuais aplicabilidades questionadas
e, acima de tudo, mudar a cobertura.
Desde que os
candidatos escolhem seus nomes para a corrida eleitoral, as emissoras já lançam
seus projetos manjados de debates. Pergunta, réplica, tréplica, plateia e
mediador com cara de boneco Playmobil. Claro que nada de útil vai sair de um
show desses. E por show tome-se o mais pejorativo possível o sentido.
Os políticos
também são culpados pelo menor interesse do brasileiro pela política, ano após
ano. Quase sempre os mesmos nomes, as mesmas coligações, os mesmos “projetos”,
a mesma ladainha, as mesmas propostas surreais. Não há credulidade que resista.
Gente que
passa a campanha se xingando, levantando falso do oponente e criando factoides,
sem sequer ter a dignidade de falar do que realmente importa: os reais
problemas da cidade.
Mas a maior
parte da culpa recai, é claro, sobre você eleitor.
Sim, você
que se orgulha de “odiar” política, que não acompanha o dia a dia dos 3
poderes, que prefere se alienar em frente da TV, invés de se interessar pelos
problemas de sua comunidade; você que sabe de cor a escalação da porcaria de
seu time, mas desconhece os projetos de lei que venham a te afetar; que briga
pela sua seleção, mas aceita como capacho os desmandos dos calhordas de
colarinho branco. Você que diz "eles são todos iguais" (cabe a nós buscarmos alternativas); que dá a mínima pra democracia, que considerava votar "um saco", que preferia passar o dia no churrasco com os amigos tomando cerveja e ouvindo música de gosto duvidoso. Você que acha que política é uma merda.
Política É
uma merda, caro eleitor, porque você assim o quer. Quando todos os eleitores, cidadãos
ou contribuintes entenderem sua real importância na sociedade e seu papel de destaque
nesse drama, as coisas mudarão.
Até lá, continue
confortavelmente entorpecido com seu futebol, novela, reality show ou qualquer
outra coisa que ajude esquecer essa dura realidade que á a vida no Brasil.
Democracia é uma coisa trabalhosa. Requer atenção, envolvimento do cidadão e vigilância constante. Sem isso, os espertalhões continuam se impondo pela sua força política e fraqueza do eleitor mais alienado. Muitos não querem todo esse trabalho. Ok, é do jogo. Mas não
reclame depois, pois nesse caso você é a parte principal do problema.
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