De ferrenha crítica
a uma aliada estratégica, a mudança de linha editorial do jornal Folha de SP
foi radical. De textos ácidos contra a emissora dos Marinhos à defesa de
interesses comuns de forma veemente nos últimos anos, foi possível perceber que
há alguma coisa errada com o grupo capitaneado pela família Frias.
Se na década
de 90 era comum que houvesse críticas contundentes à atuação da Globo (como
quando um jornalista chamou Jô Soares de “o bobo da corte dos tucanos”) e investigasse
cada passo da emissora carioca nos bastidores da política, após a fusão com o
jornal Valor Econômico, as coisas mudaram sensivelmente.
Querendo
fazer frente ao DCI, jornal econômico, que reinava praticamente sozinho no mercado,
o núcleo das Organizações Globo procurou o Grupo Folha, visando baratear os custos,
para uma publicação conjunta. Com sede no parque gráfico na zona oeste paulistana, ficou claro
que a intenção da Folha era adentrar um mercado com potencial a ser explorado,
e o da Globo, tirar um concorrente de seu raio de ação. Pode-se dizer que ambas
intenções foram alcançadas, pois tanto o DCI começou a definhar, quanto a linha
editorial da família Frias passou a se tornar “light” em relação aos Marinhos. E
quando teve sua primeira edição lançada em 2 de maio de
2000, o número de críticas diminui por parte do jornal; e a contundência também.
Percebendo que sua tática
dava resultado, a alta cúpula da emissora ampliou seu “Blitzkrieg” contra seu
crítico mais ferrenho (e o que tinha o maior alcance, pois a Folha de SP era o
jornal mais vendido no país, naquele momento). Essa fusão fez com que caísse
para o vigésimo quarto jornal em vendas avulsas, atrás dos concorrentes O Globo (15º) e Estado de São Paulo (19º).
O próximo passo era formar
parceria com o instituto de pesquisas do grupo, o Datafolha. Apesar de ser a
principal cliente do malfadado Ibope (cujo as relações espúrias vem de longa
data),a Globo optou por usar, convenientemente, mais um braço da mais nova
parceira.Talvez porque o Ibope, de propriedade de Carlos Augusto Montenegro, vinha
sendo acusado de manipulação de resultados havia algum tempo e, para não
descartar um aliado histórico (e que com certeza, sabe demais) a família Marinho
optou por “usar” mais um instituto de pesquisas, que desse bem menos dor de
cabeça. De novo,unir o útil ao agradável (ou o fútil ao desagradável,sei lá...)
As reformulações continuaram
e chegaram até a TV a cabo. Seduzindo algumas das “estrelas” da Folha de SP, o
canal GloboNews, de notícias 24 horas, levou na mesma toada Eliane Cantanhede e
Renata Lo Prete para atuarem como comentaristas de política. Obviamente,sem a
mesma liberdade de expressão que gozavam no impresso paulista. Mas,sabe como é a
vaidade humana...
A aproximação com o grupelho
dos Marinhos fez muito mal ao grupo Folha. Coincidentemente ou não foi a partir
daí que a publicação acabou sofrendo um número altíssimo de processos por
difamações e críticas a sua linha editorial, que estava cada vez mais confusa.
Em fevereiro de 2009, ao criticar
Hugo Chávez, disse que o regime militar brasileiro foi uma “ditabranda”
(contraponto ao que realmente foi, uma ditadura). Nunca o jornal foi tão
criticado como naquela oportunidade. intenção maior foi a de chamar a
atenção, de polemizar. Uma atitude desesperada e rasteira,comum a alguns
programas de TV quando querem audiência. O mesmo aconteceu com o jornal.Queria
chamar a atenção para tentar vender mais.
Chegou a entrar na justiça
para tirar do ar o site Falha de SP, que
criticava duramente a Folha e sua (famosa) parcialidade em prol de alguns políticos.
Ser tendencioso se tornou prática comum dos Frias e a crítica não foi bem
recebida. Até hoje o imbróglio segue entre Folha x Falha.
No caso de não ser
imparcial, o jornal parece ter copiado a risca sua parceira (Globo). Tanto que
o Ombudsman (seja ele qual for) sempre criticou essa ação do impresso. Aliás, ter
um fiscal dos leitores sempre foi pura perfumaria, já que nunca aceitou
ingerência do mesmo, nem levava em consideração as reclamações dos leitores e
assinantes (seus clientes). Portanto, apenas para inglês ver.Também lembra muito a
empresa de que é sócia. A Rede Globo tem uma central de atendimento ao
cliente, que nunca é levada a sério, onde o péssimo atendimento é comum e serve
apenas como uma medida paliativa (“eu faço de conta que escuto”).
Ver um veículo de
comunicação,que já foi referência em jornalismo chegar ao ponto de ser ‘um
braço’ das Organizações Globo, é lamentável. E aquele slogan do jornal “não dá
pra não ler”...Bom, não ler o jornal hoje em dia ficou mais fácil do que a família
Frias esperava. Bastou que leitor visse que ‘ Globo e a Folha tem tudo a ver’...
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