Zoya foi torturada por mais duas horas. Mas, ao
contrário do que pensava o coronel, ela não disse nada. Após as torturas, o
camponês Vasily conseguiu convencer um dos guardas a deixá-lo levar um copo
d'água para Zoya. Ela perguntou:
– Quantas casas eu queimei?
– Quantas casas eu queimei?
– Três. – respondeu Vasily.
– Queimei algum alemão?
– Um.
– Que mais?
– Vinte cavalos e o cabo telefônico.
Zoya suspirou. Gostaria de ter causado mais prejuízos. Mas a informação do resultado de seu ataque a reconfortou. Durante o dia seguinte, novas sessões de tortura. Mais uma vez ela não disse nada. Vendo que os interrogatórios eram inúteis, os nazistas decidiram enforcar Zoya em praça pública. Em seu pescoço penduraram uma placa com os dizeres: "Incendiária de lares". Queriam que sua morte servisse de exemplo para os soviéticos. De fato, Zoya haveria de ser tornar um exemplo, porém bem diferente do que os nazistas planejaram.
A forca foi montada na praça central. Embaixo, uma cadeira. Os habitantes de Petrishtshevo foram obrigados a comparecer. Alguns choravam, outros viravam o rosto. Mas os alemães haviam ordenado, até, que fossem tiradas fotografias desse momento. Em cima da cadeira, com a corda no pescoço, Zoya aproveitou-se da espera e iniciou uma vibrante agitação política: "Avante, camaradas! Por que estão tristes? Sejam bravos! Continuem nossa luta. Matem alemães! Queime-os! Envenenem-nos!".
Os nazistas enlouqueceram. Não sabiam o que fazer. A máquina fotográfica foi rapidamente guardada. O carrasco correu para empurrar a cadeira. Zoya ainda gritou: "Lutem sempre! Stálin está conosco!".
Foram suas últimas palavras. Isso aconteceu no dia 5 de dezembro de 1941. Zoya tinha, então, 18 anos. Seu corpo ficou pendurado durante vinte dias. Suas palavras e seu exemplo, porém, correram a União Soviética como um raio. Seguindo o exemplo de Zoya, milhares de jovens alistaram-se como guerrilheiros. Os guerrilheiros faziam da vida dos invasores um inferno. Os soldados de Hitler não podiam descansar. Não podiam dormir. Em qualquer lugar, a qualquer momento, havia um guerrilheiro pronto para atacar. Muitos soldados nazistas enlouqueceram. Milhares foram mortos pelos guerrilheiros.
Em 1º de dezembro de 1942, um ano depois da morte de Zoya e já durante a contra-ofensiva soviética, o jornal Izvestia publicou a seguinte notícia: "No decorrer dos primeiros dias da ofensiva de Rhzev, os soldados do general Povetkin esmagaram várias unidades de tropas alemãs".
Entre essas tropas, completamente destroçado e atemorizado, estava o regimento que havia assassinado Zoya. O glorioso Exército Vermelho havia conseguido vingar a morte de sua heroína.
Homenagens
O silêncio de Zoya ante os nazistas foi tal que mesmo o Exército Vermelho teve dificuldade de identificar quem era a guerrilheira Tanya. Em 16 de fevereiro de 1942, Zoya tornou-se a primeira mulher a receber, postumamente, o título de Heroína da União Soviética. Em 1944, Lev Arnshtam fez um filme sobre sua vida. Foram compostas também peças de teatro e músicas em sua homenagem. Dois asteróides descobertos por astrônomos soviéticos foram batizados com seu nome. Ainda hoje há estátuas de Zoya nas cidades de São Petersburgo (antiga Leningrado), Tambov, Dorokhov e Petrishevo.
Durante a década de 1980, uma das principais militantes da Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão, organização que lutava contra a opressão fundamentalista sobre as mulheres daquele país, adotou o nome Zoya como seu nome clandestino. Assim, Zoya Kosmodemyanskaya continua inspirando os revolucionários em todo o mundo.
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