Muito se fala sobre
artes marciais, e é comum confundir luta com filosofia oriental. Enquanto uma
professa suplantar seus adversários para conquistar troféus e graduação, a
outra mostra que o principal adversário a ser derrotado somos nós mesmos, e se
tornando, conseguinte, uma ferramenta para nos ajudar a entender que devemos
golpear o nosso ego, todos os dias, se realmente quisermos evoluir como seres
humanos.
Oriundo da
observação da natureza, o Ninjutsu tem suas raízes nos elementos fundamentais
da natureza.
Forjado em uma época
de exploração dos poderosos contra os mais humildes (o império contra a plebe),
a nobre arte foi a forma de se criar um mecanismo de preservação da vida, do
próprio ninja e da sua família. Em sumo, uma luta contra o sistema, pela
sobrevivência e pela recuperação de suas terras.
As armas eram ferramentas usadas no plantio que foram adaptadas. Segundo
historiadores os camponeses precisavam se defender dos samurais que vinham cobrar impostos, surpreendendo-os
de alguma forma.
Era comum a
exorbitante cobrança dos impostos, levando muitos agricultores à miséria
extrema. Como em todo sistema onde há exploração, quem governa dita as regras e
exige o quanto acha ser justo para governar. Mas quando não havia a
possibilidade (a maioria sequer tinha o suficiente para sobreviver) o
imperador, que durante muitas gerações era tido quase como uma divindade para
muitos incautos, ordenava que seu exército executasse a ‘cobrança’, ou seja, seus Samurais.
Fartos de
brutalidade e exploração, muitos achavam que já era hora de mudar o estado de coisas.
Aqui a história é um
pouco vaga, mas tudo indica que a maioria dos camponeses conheciam certos
ensinamentos originados na China sendo aperfeiçoado no Japão, usando as coisas
que tinham à mão (ferramentas agrícolas) e adaptando suas técnicas de defesa
aos inimigos.
Os clãs eram
responsáveis por passar de pai para filho seus ensinamentos, sempre tendo em
mente que se lutava para preservar a vida; qualquer coisa, além disso, era
perverter os ensinamentos.
LENDAS E MITOS
Algumas coisas ditas
através dos tempos acabaram criando uma imagem estereotipada dos ninjas. Muitas
risíveis, outras um pouco exageradas.
A roupa preta, por exemplo, dava uma impressão estranha e até
assustadora. “Criaturas da noite”, diziam alguns. Facilitava a locomoção à
noite sem ser identificado, é claro. Mas a cor da vestimenta é, na verdade, um
sinal de humildade, já que é “escuro”
como o universo e simboliza nossa pequeneza perante ele.
Já a frase “ninjas são mercenários assassinos”
acabou pegando, visto que certos praticantes vendiam seus ‘serviços’ a quem
pagasse mais, esquecendo que o código de honra, implícito quando se veste a
indumentária e se propõe a seguir a sério a filosofia. Isso ocorreu durante a
segunda guerra mundial, onde o imperador usava os ninjas em técnicas de
espionagem.
Dizem que há ninjas que treinaram agentes da CIA nas técnicas
de tortura. Tal ação envergonha todos os que seguem o ninjutsu. Mas,
felizmente, são exceções.
Com o tempo as
técnicas evoluíram, mas a honra e o respeito perseveraram.
A ESCOLA DO
GUERREIRO DIVINO E O HERDEIRO
Masaaki Hatsumi iniciou seu caminho nas artes marciais com o Kendô, aos 7 anos de idade, e quando
jovem praticou Judo e Caratê.
Após a 2ª
Grande Guerra Mundial, Hatsumi passou a ensinar Judô aos soldados americanos na
base militar de Yokota, e por volta dos 20 anos de idade, passou a se
questionar sobre o sentido de praticar uma arte marcial, pois uma pessoa maior
e mais forte passava a ganhar de uma pessoa mais graduada, sobrepujando a força
fisica.
A partir disso, passou a buscar uma arte
marcial que fosse eficaz para qualquer situação, assim aos 26 anos de idade,
através da indicação de um antigo mestre de Kobudô, Soke Hatsumi encontrou seu
último mestre, Toshitsugu Takamatsu, na cidade de Kashiwabara, e ficou
assustado, pois não conseguia entender como uma pessoa com idade tão avançada e
tão baixa estatura podia passar uma sensação de morte tão forte.
Hatsumi foi
aluno de Takamatsu Sensei durante os anos 50 e 60. Hatsumi Sensei treinou
constantemente com Takamatsu Sensei durante 15 anos. Antes de falecer,
Takamatsu Sensei transmitiu a Hatsumi Sensei o título de Soke, ou seja, herdeiro de todo conhecimento antes guardado por
ele.
Em 1972, após receber os titulos de Soke de
Takamatsu Sensei, Hatsumi fundou a Bujinkan Budo Taijutsu, que significa "Escola do Guerreiro Divino", ele deu este
nome em homenagem a Takamatsu Sensei.
Mais conhecido como o criador do seriado JYRAIA, o mestre
usava a série de TV para passar a essência da arte, de forma didática. Deu
certo e arrebatou uma legião de fãs pelo mundo afora.
Até hoje, é uma das
raras filosofias em que não se necessita agredir ninguém para conseguir ser
graduado, não precisa lesionar um colega de treino para conquistar troféus ou
dinheiro, nem se admite viver da prática de ensinar o Ninjutsu. Lógico que há exceções,
mas estas mesmas exceções entendem, no fundo, o erro de dar aulas em troca de
dinheiro, como uma profissão.
O ninjutsu não é um esporte e sim uma
defesa pessoal e campeonatos inexistem, por isso não possui federação. Seus
adeptos não estão em buscas de honrarias. Todas as outras artes marciais são
esportes; o Ninjutsu é algo mais.
SHIKIN HARAMITSU DAIKOMYO.
Ou em tradução aproximada: “Cada experiência que encontramos nos provê de
potencial através da iluminação que buscamos”.
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário