domingo, 17 de março de 2013

UM TRIBUTO À ARTE MILENAR DO NINJUTSU






  Muito se fala sobre artes marciais, e é comum confundir luta com filosofia oriental. Enquanto uma professa suplantar seus adversários para conquistar troféus e graduação, a outra mostra que o principal adversário a ser derrotado somos nós mesmos, e se tornando, conseguinte, uma ferramenta para nos ajudar a entender que devemos golpear o nosso ego, todos os dias, se realmente quisermos evoluir como seres humanos.




  Oriundo da observação da natureza, o Ninjutsu tem suas raízes nos elementos fundamentais da natureza.

  Forjado em uma época de exploração dos poderosos contra os mais humildes (o império contra a plebe), a nobre arte foi a forma de se criar um mecanismo de preservação da vida, do próprio ninja e da sua família. Em sumo, uma luta contra o sistema, pela sobrevivência e pela recuperação de suas terras.

  As armas eram ferramentas usadas no plantio que foram adaptadas. Segundo historiadores os camponeses precisavam se defender dos samurais que vinham cobrar impostos, surpreendendo-os de alguma forma.








  Era comum a exorbitante cobrança dos impostos, levando muitos agricultores à miséria extrema. Como em todo sistema onde há exploração, quem governa dita as regras e exige o quanto acha ser justo para governar. Mas quando não havia a possibilidade (a maioria sequer tinha o suficiente para sobreviver) o imperador, que durante muitas gerações era tido quase como uma divindade para muitos incautos, ordenava que seu exército executasse a ‘cobrança’,  ou seja, seus Samurais.

  Fartos de brutalidade e exploração, muitos achavam que já era hora de mudar o estado de coisas.
  Aqui a história é um pouco vaga, mas tudo indica que a maioria dos camponeses conheciam certos ensinamentos originados na China sendo aperfeiçoado no Japão, usando as coisas que tinham à mão (ferramentas agrícolas) e adaptando suas técnicas de defesa aos inimigos.

  Os clãs eram responsáveis por passar de pai para filho seus ensinamentos, sempre tendo em mente que se lutava para preservar a vida; qualquer coisa, além disso, era perverter os ensinamentos.


LENDAS E MITOS

  Algumas coisas ditas através dos tempos acabaram criando uma imagem estereotipada dos ninjas. Muitas risíveis, outras um pouco exageradas.





  A roupa preta, por exemplo, dava uma impressão estranha e até assustadora. “Criaturas da noite”, diziam alguns. Facilitava a locomoção à noite sem ser identificado, é claro. Mas a cor da vestimenta é, na verdade, um sinal de humildade, já que é  “escuro” como o universo e simboliza nossa pequeneza perante ele.

  Já a frase “ninjas são mercenários assassinos” acabou pegando, visto que certos praticantes vendiam seus ‘serviços’ a quem pagasse mais, esquecendo que o código de honra, implícito quando se veste a indumentária e se propõe a seguir a sério a filosofia. Isso ocorreu durante a segunda guerra mundial, onde o imperador usava os ninjas em técnicas de espionagem.

Dizem que há ninjas que treinaram agentes da CIA nas técnicas de tortura. Tal ação envergonha todos os que seguem o ninjutsu. Mas, felizmente, são exceções.

  Com o tempo as técnicas evoluíram, mas a honra e o respeito perseveraram.


A ESCOLA DO GUERREIRO DIVINO E O HERDEIRO

  Masaaki Hatsumi iniciou seu caminho nas artes marciais com o Kendô, aos 7 anos de idade, e quando jovem praticou Judo e Caratê.






Após a 2ª Grande Guerra Mundial, Hatsumi passou a ensinar Judô aos soldados americanos na base militar de Yokota, e por volta dos 20 anos de idade, passou a se questionar sobre o sentido de praticar uma arte marcial, pois uma pessoa maior e mais forte passava a ganhar de uma pessoa mais graduada, sobrepujando a força fisica.

A partir disso, passou a buscar uma arte marcial que fosse eficaz para qualquer situação, assim aos 26 anos de idade, através da indicação de um antigo mestre de Kobudô, Soke Hatsumi encontrou seu último mestre, Toshitsugu Takamatsu, na cidade de Kashiwabara, e ficou assustado, pois não conseguia entender como uma pessoa com idade tão avançada e tão baixa estatura podia passar uma sensação de morte tão forte.
Hatsumi foi aluno de Takamatsu Sensei durante os anos 50 e 60. Hatsumi Sensei treinou constantemente com Takamatsu Sensei durante 15 anos. Antes de falecer, Takamatsu Sensei transmitiu a Hatsumi Sensei o título de Soke, ou seja, herdeiro de todo conhecimento antes guardado por ele.
Em 1972, após receber os titulos de Soke de Takamatsu Sensei, Hatsumi fundou a Bujinkan Budo Taijutsu, que significa "Escola  do Guerreiro Divino", ele deu este nome em homenagem a Takamatsu Sensei.





Mais conhecido como o criador do seriado JYRAIA, o mestre usava a série de TV para passar a essência da arte, de forma didática. Deu certo e arrebatou uma legião de fãs pelo mundo afora.

  Até hoje, é uma das raras filosofias em que não se necessita agredir ninguém para conseguir ser graduado, não precisa lesionar um colega de treino para conquistar troféus ou dinheiro, nem se admite viver da prática de ensinar o Ninjutsu. Lógico que há exceções, mas estas mesmas exceções entendem, no fundo, o erro de dar aulas em troca de dinheiro, como uma profissão.




O ninjutsu não é um esporte e sim uma defesa pessoal e campeonatos inexistem, por isso não possui federação. Seus adeptos não estão em buscas de honrarias. Todas as outras artes marciais são esportes; o Ninjutsu é algo mais.
  
SHIKIN HARAMITSU DAIKOMYO. Ou em tradução aproximada: “Cada experiência que encontramos nos provê de potencial através da iluminação que buscamos”.



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