sexta-feira, 1 de março de 2013

Ecos de uma Igreja Decadente






Seja por escândalos de pedofilia, pelos casos de corrupção financeira ou pela disputa fratricida pelo poder (como foi relatado no livro polêmco  Sua Santidade, as Cartas Secretas de Bento XVI), fato é que a renuncia do Papa Bento XVI causou mal estar dentro e fora da Igreja Católica.

No livro Sua Santidade...O autor Gianluigi Nuzzi revela detalhes sobre finanças pessoais do Papa, e inclui histórias de subornos feitos para obter uma audiência com ele. Isso se mostrava algo inédito, na já conturbada vida do Papa que, quando adolescente, fez parte da Juventude Hitlerista.




Outro ponto negativo foi, claramente, querer abafar o envolvimento de padres e bispos com abusos de menores desde quando era um cardeal imponente no Tribunal da Santa Sé; Joseph Hatzinger queria que o mesmo fosse possível durante o seu papado. Ledo engano.  Em países como Irlanda, Alemanha e EUA (onde as indenizações ultrapassaram o valor de 2 bilhões de dólares) os escândalos foram se somando e mostrando a face da monstruosidade que assola os porões do Vaticano.

O Vatileaks, caso envolvendo documentos secretos que vazaram do Vaticano, que revelam a existência de uma ampla rede de corrupção, nepotismo e favoritismo relacionados com contratos a preços inflacionados com os seus parceiros italianos, mostrou ao mundo a farra financeira que pegaria muito mal se fosse em Wall Street, imagine então numa instituição que se autodenomina (presunçosamente) como representante de Deus na Terra; isso foi crucial para dar novos contornos aos tão secretos investimentos da instituição. Essa denúncia de lavagem de dinheiro serviu para mostrar, também, uma guerra de bastidores visando poder, promovido por facções secretas. A falta de transparência financeira da entidade foi tema de vários artigos em jornais italianos




A punição que atingiu apenas Gianluigi Nuzzi, acabou se abrandando para evitar males maiores. Nunca se sabe o que mais o delator poderia dizer sobre os sombrios acontecimentos dentro dos muros do Vaticano.

Em franca decadência numérica, também, em países majoritariamente católicos, a Igreja pouco conseguiu fazer para deter a perda gradativa de seus “fiéis”. Segue os mesmos rituais litúrgicos há séculos, as mesmas frases repetitivas e o pouco espaço de manobra que vem tolhendo os padres, bispos e cardeais em seus cultos, também afugentam os jovens. E uma religião com seguidores envelhecidos, se renovar é a chave para não perder terreno para a concorrência - os termos parecem soar como uma estratégia de marketing, e realmente é.

 A Renovação Carismática foi uma dessas tentativas de tentar quebrar o gelo e a postura engessada no altar, para se aproximar da juventude. Algo muito próximo do que já faziam algumas igrejas evangélicas.

Mas a concorrência é muito dura e os escândalos parecem arrefecer mais os ânimos de alguns católicos, do que os pentecostais.


                          (Helicóptero com o Papa Bento XVI deixa a Praça de São Pedro)



 Fato é que a vergonhosa desistência de Bento XVI mostra a faceta decadente de uma igreja que ousou dominar e escravizar o mundo por séculos, cujo Concílios faziam Reis e Rainhas se curvarem e jurarem fidelidade aos dogmas, dos mais simples aos mais absurdos; como a Infalibilidade Papal, onde o Vigário Geral de Deus na Terra não errava. 

Agora, Hatzinger viverá dos doces ecos do passado. Porque o presente se mostrou impiedoso demais. Mesmo para quem se autoproclama Príncipe do Clero.


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