sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Pra Você Que Apoia o Nazismo...






Tudo começa assim :

- Você mora em uma casa,com quintal e um carro na garagem;

- Eu não tenho nada disso,mas acho que mereço;



 - Fazendo-me de coitado e contando com a inércia dos moradores das localidades mais distantes,cobiço lugar que não é meu e planejo tê-lo;

- O jeito é conseguir na base da ‘fórceps’;

- Então, eu vou chegar na sua rua sem anunciar;

- Depois vou tentar entrar em sua garagem;
- Se não der,vou quebrar seu cadeado;

- Vou riscar seu carro e quebrar o para brisa;

- Vou arriscar entrar pelo seu quintal;





- A hora em que você perceber essa agressão à sua propriedade e,conseguinte à sua vida, começará a temer por sua integridade física;

- Sabendo que você não chamou as autoridades (e nem adiantaria,porque eles não fariam nada),eu continuo avançando;

- Eu estou bem armado,ao contrário de sua pessoa,então você começa a arremessar objetos em minha direção;

- É claro que machucam,mas as armas que eu tenho são mais poderosas e letais;









- Seus vizinhos que não toleram minhas atitudes de gestapo e reclamam em voz alta,mas sabem que isso é inócuo. De novo,as autoridades não tem audácia de me questionar;

- Você busca refúgio no mais distante dos cômodos da casa. Em vão,pois uma hora eu chego lá;

- Ao entrar eu começo a me sentir em casa;

- Mato seu cachorro e seu gato,pois eles não tem valor pra mim,somente sua propriedade;





- Se antes você ainda tinha acesso a sua cozinha e cama,agora,conforme me aproximo, tudo fica mais escasso. Tem que comer o que der (se der) e dormir aonde for possível;

- Eu nunca me senti assim,livre,dono de algo que eu sempre mereci (ao menos o meu pai disse que eu teria um lugar só meu,por ser seu filho dileto);

- Percebo que você começa a gritar e chorar copiosamente...Em vão.  Já não lhe disse que seus vizinhos não vão intervir? E os moradores dos bairros mais distantes vão me apoiar,ainda que de forma velada,afinal,eu sofri muito na vida (tadinho de mim e de minhas lamentações...). Mas enquanto der certo posar de vítima,eu vou fazer o jogo;

- Ah,mas continuo sendo alvo das coisas que me atiras...Algumas até machucam,mas pra reforçar a minha postura de vítima em tempo integral vou dizer que você tem me atacado violentamente e que foi precursor dos atos hostis nesse imbróglio. Posso dizer o que quiser,que o jornal do bairro vai confirmar e me retratar como um pobre cidadão sofrido,cercado por monstros que não me compreendem;

- Aproximo-me cada vez mais dos aposentos principais. Aqui,tudo é meu por direito. Você corre como um cachorro vira lata,que ladra mas coloca o rabo entre as pernas,sem muita força pra me desafiar;

- Tomo os quartos da casa e percebo que você não está aqui;






- Nem sinal de sua pessoa na cozinha ou banheiro;

- Posso me atrever a dizer que foi mais fácil do que eu pensava:pouca resistência ,apoio ou conivência de vizinhos e autoridades e,com um padrinho mafioso que me dá suporte em momentos assim;

- Finalmente a casa é minha! E aonde está você? Ah,foi se refugiar no sótão...Tudo bem,aí você pode ficar...Por enquanto. Se começar a me aborrecer ou voltar a jogar coisas que machucam terei que eliminá-lo;

- Ouço você resmungar das condições em que está vivendo...Não consegue perceber a sua ingratidão? Eu estou,de forma magnânima, permitindo que você exista e ainda sim escuto essa ingratidão? Terei que usar de truculência para que vossa pessoa perceba o quão bondoso eu sou por deixá-lo viver aqui no MEU SÓTÃO;

- Seus parentes e amigos estão vindo aqui para lhe trazer comida e remédios,ou pelo portão,ou pela chaminé. Que petulância virem até aqui,em minha casa e querer entregar coisas a você,sem a minha permissão! Não entendeu que esse é meu feudo particular,seja por terra ,seja por ar?Nada escapa ao meu alcance;

- Escuto rumores que você irá à justiça exigir reintegração de posse. Nem eu,nem meu padrinho poderoso gostamos disso.Não que um juiz qualquer seja gabaritado para julgar o caso que envolve minha pessoa (que sofreu muito no passado e tem muitas lamentações...).  Mas nem se julgar a seu favor eu irei respeitar a decisão. Eu,meu sofrimento e lamentações, e o meu padrinho poderoso temos uma cadência própria;

- E eis você. Reclamando de mim,questionando meus métodos,lamentando a casa perdida (que sempre foi minha;meu pai me disse isso),pedindo desesperadamente apoio da associação de bairro e em via de ser extinto;

- E pensar que muitos não acreditavam que teria minha casa própria,respeito dos vizinhos (ao menos,sou temido por eles) e ser tão influente quanto meu padrinho;

- Que bom que o mundo sorri pra mim,afinal já sofri tanto no meu passado e tenho tantas lamentações...E por falar em lamentações,tem um outro vizinho me incomodando também;

Tudo começa assim :

- Você mora em uma casa,com quintal e um carro na garagem...





QUALQUER SEMELHANÇA ENTRE O TEXTO E O QUE ACONTECE NA FAIXA DE GAZA É MERA COINCIDÊNCIA...































2 comentários:

  1. Belo texto, muitas pessoas esquecem que violência gera violência, princípio tão básico e até infantil... a maioria das pessoas acham até um jargão indigesto, porém é verdadeiro, pois desalojar os palestinos pra combater o terrorismo e apossar pessoas de forma forçada, assim como fizeram com o carandirú, geraram grupos agressivos de oposição violenta..agora falar isso é apoiar os grupos de oposição violenta? É lógico que não, pessoas engajadas de direita tendem a defender a violência como solução dos problemas, discriminando todos como "vagabundos" mas nem todos os são...
    Exstem policiais honestos e bandidos de menor periculosidade morrendo na mão de polícias, assim como morreram no carandirú, assim como morrem na pelestina, pessoas que não aprovam a violência e que não são bandidos
    Mas pros governos de direita são todos iguais...
    abraços

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    1. E o pior,Marcos, é que as pessoas são levadas a acreditar que as coisas no Oriente Médio são de uma forma,quando na verdade são de outra. A manipulação custa caro,sacrifica a história e banaliza a vida. Um abraço

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