Debater sobre os assuntos relevantes (e os não tão relevantes) de maneira aberta e objetiva
sábado, 17 de novembro de 2012
O Penico e Meus Ouvidos
de Alcione Quadros (publicado originalmente no Informativo NUPEP)
"Chego a uma repartição pública e eis que vejo um local bem limpo, arejado com cadeiras para eventuais esperas e...para minha surpresa,não há filas.
Atravesso o imenso salão vazio me sentindo especial : sou a única cliente. Chego ao balcão e atrás dele vários funcionários estão reunidos em uma rodinha...Envolvidos com a conversa parecem não notar minha presença. Aguardo que terminem o assunto para que eu possa fazer minha solicitação.
Uma das atendentes olha pra mim sorridente e continua a conversar. Como todos falam alto pude ouvi-la dizer que o casamento lhe fizera bem, que engordou alguns quilinhos depois que casou, e, que antes não tinha bunda e agora passou a ter, e isto fez com que minha autoestima se elevasse. Os colegas a olham de alto a baixo e comentam que, realmente, ela ficou mais bonita depois que casou.
Sinto-me afrontada! Somente eu de cliente e ninguém me atende! Penso: "Será que eles só atendem quando há fila? Não pode ser!" Quase entro em desespero!
Bem, tento me consolar pensando que, se eles esperam formar uma fila eu seria a primeira a ser atendida!
Mas o presente é tão insultante que o futuro não me consola! Continuo me sentindo afrontada...Além disso,o baixo nível da conversa faz doer os meus ouvidos. Resolvo, então, participar do bate-papo e de onde estou me dirijo à mocinha : "Moça, se você agora já tem bunda, por que motivo continua defecando pela boca?"
No mesmo instante a rodinha se desfez e um deles vem me atender. Não está sorridente como há pouco...
Eis que ouço, "meio que de raspão", um dos funcionários que se distanciam, dizer a outro: "Trabalhar atendendo o povão não é nada fácil". E o outro concorda plenamente com acintoso balanço vertical da cabeça..."
(publicado originalmente no Informativo NUPEP - Núcleo de Pesquisas Psíquicas ANO XI, Nº 26)
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Olá Marcelo!
ResponderExcluirMuito bom texto, eehehehe, gostei da resposta da moça...Mas é isso mesmo, quando não há filas os funcionários de uma repartição fingem que não veem os clientes, acontece nos bancos...se não quer trabalhar com o povão, mudem de profissão, melhor de almoxarife trancado numa sala, sem contato com pessoas
Trabalho com o público tem que ter aptidão, desenvoltura, se relacionar, ser sociável...Aguns trabalhinhos assistenciais cairiam bem...
abraço
Verdade,Marcos.Alguns acham que trabalhar com o público (principalmente parte do funcionalismo público) é o mesmo que lidar com bois. Por isso,muito se irritam ,como a moça do conto,e eles não gostam. Um abraço
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