“A modelo
Pâmela Baris Nascimento, 27, que já trabalhou como assistente de palco em
programas de televisão morreu durante uma lipoaspiração em uma clínica no
Ipiranga (na zona sul de São Paulo)”.
O caso
ocorreu no último dia 19/10, mas a polícia só foi informada ontem pela
manhã. De acordo com a investigação, o fígado de Pâmela acabou perfurado
durante a cirurgia. “Ela perdeu muito sangue, sofreu uma parada
cardiorrespiratória e não resistiu.”
Difícil imaginar como uma
mulher, com um corpo escultural, se olha no espelho e decide fazer um
procedimento arriscadíssimo como uma lipoaspiração. Seria insegurança?
Necessidade extrema de autoafirmação? Imposição da televisão?
O problema de se encarar
algo tão perigoso, pelo simples fato de se elevar a autoestima, parece muito
superficial. Quando foi que a sociedade
se tornou assim, frívola?
Foi-se a época em que uma
miss Brasil era eliminada de um concurso devido
a duas polegadas a mais nos quadris. O segundo lugar deu a Miss a fama
absoluta. Mas nesse caso, depois do concurso, Martha Rocha tornou-se referência
nacional de beleza.
Hoje, se
as mulheres em destaque na mídia não estiverem “nos padrões certos” (seja lá o
que for isso...) são alijadas do trabalho. Triste ver que não se vence mais
pelo talento.
São
patrulhadas pela ‘imprensa’ se aparecem na praia, exibindo seu corpo e duramente
criticadas por isso. Essa é a função dos paparazzi.
Não
obstante apenas falando sobre dietas e todas as formas possíveis de manter a boa
forma física, estas reféns do ‘status quo midiático’ quase nunca conseguem
falar de seus trabalhos. Se são atrizes ou apresentadoras ficam limitadas a
um assunto superficial qualquer (o que comem, quantas horas por dia malham, etc.).
Se são “modelos”, não há outra opção.
Muitas que
se intitulam “modelo/atriz” se tornam reféns de um sistema viciado, muitas
vezes municiado por sua própria falta de personalidade, em aceitar as coisas
como estão.
Permitem invasão de
privacidade (usam isso como ‘promoção profissional’), até que o patrulhamento
se torne absurdo e se volte contra ela mesma. Nessa hora, a autoestima em
baixa, a necessidade de aceitação, a insegurança exacerbada e a falta de
perspectivas futuras na carreira forçam uma sub-celebridade a buscar meios
errôneos para se valorizar: os procedimentos estéticos arriscados e
inoportunos. Ao se sujeitar encarar uma anestesia geral para sofrer a invasiva
cirurgia chamada lipoaspiração, a pessoa precisa estar ciente que isso pode ser
fatal. Muitas já ficaram em uma mesa de operação. Outras tantas ignoram o
risco, cegas pela desesperada vontade de emagrecer a todo custo (mesmo que
muitas nem precisem disso), para voltarem a se sentir desejadas, cobiçadas,
elogiadas,comentadas,assediadas pela imprensa. Mas basta uma mera menção a seu peso, que novamente tudo desmorona, assim
como sua personalidade instável.
Pobre sociedade limitada e frívola em que
vivemos...E que tantas outras morrem por isso.
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