Uma coisa é o que nos impingem outra é a realidade nua e
crua.Esta,poucas vezes nos dá o ar da graça.Por isso mesmo,temos que fazer de
tudo para garimpar a verdade a qualquer custo.Sempre que possível ter mais de
uma fonte de notícia (mais de um telejornal,mais de um site de notícias,mais de
um blog,etc),usar discernimento e bom senso ,não se deixar levar pela forma
como é tratado o assunto (a vezes a notícia vem embalada com imagens de efeito e
com trilha sonora para sensibilizar o telespectador; francamente, isso não é
jornalismo) e sempre buscar entender qual a razão para determinado veículo de
imprensa emitir a notícia daquele jeito(ou simplesmente de não emiti-la).Vamos
a alguns exemplos :
Geração de emprego - É conveniente para o governo que os índices
sejam positivos,então os números do IBGE ajudam,já que o DIEESE
mostra,geralmente,discrepâncias.Portanto,quando ouvir que houve aumento de
vagas,é necessário buscar mais de uma fonte (neste caso o DIEESE);mas quando o
caso for ‘o número de desempregados caiu’,bom,aí
deve-se olhar com desconfiança maior,haja visto que se um número X de pessoas
desistir de procurar emprego,por uma série de razões,o governo considera como
um trunfo de sua administração,e não uma falha de planejamento.
Catadores de
recicláveis – Aí a desfaçatez é maior.Muitos noticiários mostram que
“somos campeões em reciclagem e que esse setor gera muitos empregos pelo Brasil”.Sério?A
realidade é que, fosse um país menos desigual haveria pouquíssimos catadores de
reclicados por aí afora.Chega a ser desumano a forma como distorcem a
verdade,tentando pintar o quadro com cores que não são condizentes.O correto
seria dizer que somos um país com o maior número de cooperativas de reciclados
do mundo,exatamente por não darmos condições dignas aos nossos cidadãos de
sobreviver de outra forma.Mas quem teria coragem pra noticiar dessa forma?O
politicamente correto anda tão em voga,que contrariá-lo parece surreal.
Brasil,a 6ª
economia do mundo – Se somos não é a questão;o problema é que valorizam
esse número e esquecem outros mais significativos.Em educação e saúde temos
índices de países africanos.Somos campeões em desigualdade social,e isso em
si,já seria vergonhoso(até por não haver muita perspectiva de melhora a médio
prazo).Temos mais de 40 milhões de analfabetos ou de analfabetos
funcionais(aqueles que meramente sabem assinar o nome).E ainda sim,é mais comum
nos telejornais da vida sabermos da cotação da bolsa de valores na Coréia do
Sul,do que ouvirmos índices pessimistas,ops,quer dizer,realistas como estes.
Brasil,o país do
futebol e do Carnaval -Sério?Só isso que define o país?Então o conceito
de nação se limita apenas e tão somente a futebol e carnaval?Triste...Explica
muita coisa,mas é patético.Enquanto outros países se notabilizam por coisas
mais dignificantes,o Brasil se nivela por baixo,mostrando ao mundo que as
coisas por aqui não são sérias,e não há valores mais edificantes.Mas aqui
também,é um problema de autoaceitação,ou seja,o brasileiro também já comprou a
ideia de que é esse cidadão de 2ª classe,que é definido por coisas frívolas e
sem relevância.Isso,inclusive,está nas propagandas ,onde somos retratados como
alienados,beberrões,fanáticos por futebol e tendo a mulher como capacho sexual
ao lado(sem abrir a boca).Um triste quadro que gradativamente foi sendo
incorporado pela sociedade,de maneira imperceptível.A mídia fomenta esse rótulo
de maneira ostentosa e com um sorriso largo. Os maganos da comunicação
tupiniquim sabem que enquanto o brasileiro estiver municiado de cerveja e
futebol a granel,não fará perguntas ou contestações embaraçosas.
No Brasil não há
racismo- “Somos um país multirracial”,bradam os apresentadores de
telejornais.Mas a hipocrisia deles não condiz com a realidade.No Brasil há
casos de pessoas serem preteridas em entrevistas de emprego por sua cor,de
receberem tratamento diferenciado em estabelecimentos comerciais,de serem
monitoradas constantemente e quase que exclusivamente,em lojas e shoppings, e
de terem má fama só por não serem brancas.Mas isso pouco é divulgado.Ser um
país multiétnico não ajuda nos direitos iguais.O que não signifique que criar
cotas nas universidades públicas seja o caminho mais eficiente para corrigir
distorções. Bolsas sociais seriam mais justas (para todos os que sejam
pobres).Afinal,de sectária,já basta a sociedade como um todo.
Por tudo isso e muito mais é que devemos ter como
referências uma pluralidade de veículos de informação para não ficarmos reféns
de uma única fonte de notícias.Caso contrário corremos o risco de sermos
tragados pelo sistema.
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