sábado, 4 de agosto de 2012

FATOS E FACTÓIDES




     Uma coisa é o que nos impingem outra é a realidade nua e crua.Esta,poucas vezes nos dá o ar da graça.Por isso mesmo,temos que fazer de tudo para garimpar a verdade a qualquer custo.Sempre que possível ter mais de uma fonte de notícia (mais de um telejornal,mais de um site de notícias,mais de um blog,etc),usar discernimento e bom senso ,não se deixar levar pela forma como é tratado o assunto (a vezes a notícia vem embalada com imagens de efeito e com trilha sonora para sensibilizar o telespectador; francamente, isso não é jornalismo) e sempre buscar entender qual a razão para determinado veículo de imprensa emitir a notícia daquele jeito(ou simplesmente de não emiti-la).Vamos a alguns exemplos :



Geração de emprego  - É conveniente para o governo que os índices sejam positivos,então os números do IBGE ajudam,já que o DIEESE mostra,geralmente,discrepâncias.Portanto,quando ouvir que houve aumento de vagas,é necessário buscar mais de uma fonte (neste caso o DIEESE);mas quando o caso for ‘o número de desempregados caiu’,bom,aí deve-se olhar com desconfiança maior,haja visto que se um número X de pessoas desistir de procurar emprego,por uma série de razões,o governo considera como um trunfo de sua administração,e não uma falha de planejamento. 

Catadores de recicláveis – Aí a desfaçatez é maior.Muitos noticiários mostram que “somos campeões em reciclagem e que esse setor gera muitos empregos pelo Brasil”.Sério?A realidade é que, fosse um país menos desigual haveria pouquíssimos catadores de reclicados por aí afora.Chega a ser desumano a forma como distorcem a verdade,tentando pintar o quadro com cores que não são condizentes.O correto seria dizer que somos um país com o maior número de cooperativas de reciclados do mundo,exatamente por não darmos condições dignas aos nossos cidadãos de sobreviver de outra forma.Mas quem teria coragem pra noticiar dessa forma?O politicamente correto anda tão em voga,que contrariá-lo parece surreal.

Brasil,a 6ª economia do mundo – Se somos não é a questão;o problema é que valorizam esse número e esquecem outros mais significativos.Em educação e saúde temos índices de países africanos.Somos campeões em desigualdade social,e isso em si,já seria vergonhoso(até por não haver muita perspectiva de melhora a médio prazo).Temos mais de 40 milhões de analfabetos ou de analfabetos funcionais(aqueles que meramente sabem assinar o nome).E ainda sim,é mais comum nos telejornais da vida sabermos da cotação da bolsa de valores na Coréia do Sul,do que ouvirmos índices pessimistas,ops,quer dizer,realistas como estes.

Brasil,o país do futebol e do Carnaval -Sério?Só isso que define o país?Então o conceito de nação se limita apenas e tão somente a futebol e carnaval?Triste...Explica muita coisa,mas é patético.Enquanto outros países se notabilizam por coisas mais dignificantes,o Brasil se nivela por baixo,mostrando ao mundo que as coisas por aqui não são sérias,e não há valores mais edificantes.Mas aqui também,é um problema de autoaceitação,ou seja,o brasileiro também já comprou a ideia de que é esse cidadão de 2ª classe,que é definido por coisas frívolas e sem relevância.Isso,inclusive,está nas propagandas ,onde somos retratados como alienados,beberrões,fanáticos por futebol e tendo a mulher como capacho sexual ao lado(sem abrir a boca).Um triste quadro que gradativamente foi sendo incorporado pela sociedade,de maneira imperceptível.A mídia fomenta esse rótulo de maneira ostentosa e com um sorriso largo. Os maganos da comunicação tupiniquim sabem que enquanto o brasileiro estiver municiado de cerveja e futebol a granel,não fará perguntas ou contestações embaraçosas.

No Brasil não há racismo- “Somos um país multirracial”,bradam os apresentadores de telejornais.Mas a hipocrisia deles não condiz com a realidade.No Brasil há casos de pessoas serem preteridas em entrevistas de emprego por sua cor,de receberem tratamento diferenciado em estabelecimentos comerciais,de serem monitoradas constantemente e quase que exclusivamente,em lojas e shoppings, e de terem má fama só por não serem brancas.Mas isso pouco é divulgado.Ser um país multiétnico não ajuda nos direitos iguais.O que não signifique que criar cotas nas universidades públicas seja o caminho mais eficiente para corrigir distorções. Bolsas sociais seriam mais justas (para todos os que sejam pobres).Afinal,de sectária,já basta a sociedade como um todo.

Por tudo isso e muito mais é que devemos ter como referências uma pluralidade de veículos de informação para não ficarmos reféns de uma única fonte de notícias.Caso contrário corremos o risco de sermos tragados pelo sistema.
 



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