do site Pragmatismo Político
A Corte
Distrital de Haifa decidiu nesta terça-feira (28/08) que as Forças Armadas de
Israel não foram responsáveis pela morte de Rachel Corrie (foto à direita),
esmagada por uma escavadeira militar enquanto tentava impedir a demolição de
uma casa na Faixa de Gaza, em março de 2003.
Reafirmando o posicionamento dos militares e autoridades
israelenses, o tribunal responsabilizou a ativista norte-americana por seu
falecimento e isentou os militares envolvidos de culpa. “Tenho certetza de que
o operador não teria continuado se a visse. Este foi um acidente lamentável”,
afirmou o juiz responsável pelo caso, Oded Gershon.
“A função do Exército era de limpar a área e de limpar os
esconderijos dos terroristas”, continuou Gershon. “Havia uma necessidade
urgente de realizar esta tarefa. A tarefa não era destruir casas”. Segundo
dados da Human Rights Watch, as Forças Armadas de Israel demoliram pelo menos
2,5 mil casas palestinas na Faixa de Gaza de 2000 a 2004.
Nas 62 páginas de sentença, a corte argumenta que Corrie se
colocou em uma situação de perigo, ignorando os avisos dos governos de Israel e
dos Estados Unidos para abandonar as zonas de combate militar. “Mesmo quando
ela viu o monte de terra se movendo em direção a ela, ela não se moveu. O
acidente foi causado pela falecida”, afirmou Gershon segundo o site Eletronic
Intifada.
Segundo
testemunhas ouvidas pelo tribunal, Corrie vestia um colete laranja
fosforescente e gritava em um megafone em cima de um monte de terra na hora de
sua morte (veja foto abaixo).
“A escavadeira foi em direção a ela muito
devagar, ela estava em uma posição muito visível, na frente deles”, contou ao
tribunal Tom Dale, que também participava da ação.
“Infelizmente, Corrie não conseguiu manter o controle e começou a
escorregar. Você podia ver que ela estava em apuros, tinha pânico em sua face”,
acrescentou ele que contou que os outros ativistas e os moradores gritaram e
tentaram correr em cima da escavadeira.
A jovem
norte-americana, que possuía apenas 23 anos na época, fazia parte de um grupo
de oito ativistas do Movimento de Solidariedade Internacional que procurava
impedir as demolições de casas palestinas servindo de escudos humanos. Logo
após o ocorrido, as Forças Armadas de Israel divulgaram uma investigação na
qual apontavam que Corrie foi morta pela escavadeira, mas que não podia ser
vista pelo motorista no momento.
Em 2005, a família da ativista entrou com um processo civil na
Corte de Haifa acusando as autoridades israelenses de serem responsáveis por
sua morte e de não conduzirem uma investigação adequada do caso. Os pais da
ativista pediram indenização simbólica de 1 dólar do estado de Israel.
Cinco anos depois, o tribunal começou a ouvir as 23 testemunhas,
incluindo militares israelenses não identificados. Em uma das 15 sessões, um
alto funcionário das Forças Armadas afirmou que não existem civis em uma
guerra, justificando a morte de Corrie.
Em uma coletiva de imprensa depois da decisão judicial, os pais da
ativista afirmaram que vão recorrer à justiça. “Eu posso dizer, sem duvida
nenhuma, que minha irmã foi vista pelo motorista da escavadeira enquanto ele se
aproximava dela”, disse Sarah Corrie, irmã de Rachel. “Eu espero que algum dia
este militar tenha a coragem de sentar à minha frente e me contar o que ele viu
e o que ele sente”, completou ela.
As Forças Armadas de Israel são acusadas de perpetrarem diversos
crimes em suas ações nos territórios palestinos ocupados, incluindo por antigos
militares.
Aqui, um site criado por sua família e amigos para honrar a memória dela.
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