O ano era
2001 e o famigerado apresentador do SBT, Carlos Massa, vulgo Ratinho, espalhou a notícia que iria
patrocinar abertura de vários poços artesianos para tentar aplacar a miséria do
povo nordestino. Ele enfrentou resistência de políticos locais que, incomodados
com a situação, se apressaram a sabotar o projeto, mandando quebrar os poços,
sem a mínima consideração pelos cidadãos, objetivo da ação e principais
beneficiários do gesto do apresentador. Até Lula se posicionou contrário à
construção: "De
vez em quando vem essa moda de que fazer poço resolve e não é verdade, porque
muitas vezes a água sai salobra, ou fura e não acha nada. Até disse isso para
um amigo meu, que tem um programa de TV e saiu falando que ia construir poços
no Nordeste", disse ele.
Em
um programa da Globo News, há alguns anos, nos foi apresentado um francês de
nome Julian que optou por desenvolver suas habilidades de pesquisador no Brasil.
Ele escolheu, justamente, o nordeste brasileiro, para desenvolver um trabalho
de abertura de poços tubulares, em locais predeterminados, no município de
Quixeramubim, no Ceará. Escolheu terrenos argilosos, onde os poços são abertos
através de um mecanismo eficiente. O equipamento não custava mais do que R$l.500,00. O assunto não foi levado adiante.
Como mudar uma realidade tão aviltante?
Desde a redemocratização, o país já teve
três presidentes nordestinos: Sarney, do Maranhão; Collor, de Alagoas e Lula,
de Pernambuco. Nem por isso a situação da região mudou muito. O cenário ainda é
de abandono e miséria, longe das regiões metropolitanas. A seca, entra ano, sai
ano, castiga o sertanejo, que se vê abandonado pelo seu governo, muitas vezes
recorrendo à migração para tentar sobreviver.
Apenas e tão somente em período eleitoral
é que se tem notícia do interesse repentino de políticos (candidatos, é claro)
pela situação dos que sofrem com a pobreza. A famigerada compra de votos em
troca de “um par de sapatos, de um saco
de farinha”, como na letra da música de Herbert Vianna, dos Paralamas. Mas ainda assim, pouco se vê na mídia sobre as
verdadeiras razões do sofrimento dos nordestinos.
Controlar a informação é a chave do
“negócio”.
Turistas que visitam as localidades
praianas se deparam com guias turísticos que lhes confidenciam o temor em mostrar
certos lugares repletos de miséria, ou comandados com mão de ferro por coronéis
locais. Não faz parte do programa e suscitaria ranger de dentes dos senhores
feudais, cujo clãs dominam as localidades com mão de ferro há tempos.
Pegue como exemplo o estado de Alagoas,
comandado há décadas pela família Collor.
Fernando Collor, o eterno “Caçador de Marajás”, faz parte de um círculo
restrito do chamado coronelismo, formando oligopólios da informação. Tente conseguir
informações adicionais de um guia de qualquer agência de turismo na região sobre
os desmandos do ex-presidente. É praticamente impossível. O que é perfeitamente
compreensível, já que sua vida correria sérios riscos.
Collor faz parte de um clube infame que
passou a dominar o Nordeste através do controle da informação. Somado ao número
de políticos que controlam a população através da miséria, e temos aí a
resposta para explicar parte da situação atual da região.
Mas e o voto?
Houve época em que para votar, o eleitor
era acompanhado até a cabine eleitoral por um jagunço de proeminente mandatário
local, para se certificar que o cidadão iria mesmo cumprir com a palavra e votar
no candidato previamente indicado (imposto à força). L.F., moradora de uma
cidadezinha no interior de Alagoas dizia que se sentia humilhada sempre que
isso acontecia. “E os mesários?”, perguntei a ela.; com um olhar abatido, me
respondeu “coitados, não podiam fazer nada, ou o couro comia pra eles”. M.R.S.,
outra retirante, confirma que sofria a mesma situação de terror, na sua cidade
natal, no interior da Bahia.
A salvação pode vir da imprensa?
As redes de TV pouco podem mostrar das
agruras sofridas pelo povo nordestino, já que suas afiliadas, via de regra, são
de propriedade de senadores ou deputados que controlam tudo de maneira
tirânica. Como durante a administração de Antonio Carlos Magalhães nos anos 90,
então governador da Bahia, ao reprimir a greve dos professores com violência. A
Globo, que tinha a emissora de ACM como afiliada, não pode mostrar as
agressões. O mesmo se passa com o SBT, cujo retransmissora no Ceará é de Tasso
Jereissati. Pouco pode ser exibido em rede nacional sobre o senador do PSDB,
principalmente se for algo negativo.
Se ações afirmativas e/ou altruísticas não
surtem efeitos, já que são ferrenhamente combatidas; o voto pouco ajuda, pois
muitas vezes é direcionado ou comprado e a mídia se vende ao sistema corrupto,
o que sobra?
Dizem que a miséria não acaba, porque dá
lucro. Fato, mas também por falta de luta. E a razão da batalha seria pelo mais nobre dos motivos: a própria vida. Porque se depender das "excelências", os políticos, a miséria continuará sendo fonte de renda e lucro para raposas acostumadas a chafurdar em dinheiro público. E o sertanejo permanecerá como um meio para o fim.
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Nunca acreditei que o problema da fome e da seca em qualquer região do pais ou do mundo fossem problemas de falta de recursos ou mesmo de falta de soluções, pois existem recursos mais que suficientes, tanto na produção de comida quanto de tecnologia, para combater a seca e a fome, porque a ciência avançou muito mais do que imaginamos em todo o mundo...A fome e a seca já não tem nenhum sentido, deixar pessoas morrerem de fome agora é assassinato, e não tem conversa...Deveria ser tratado como tal, e não se cometer a idiotice de achar que os políticos não podem fazer nada. Simplesmente ignoram a questão por pura desumanidade e ambição. Claro que a amortização dos bons sentimentos humanos tem muito haver com isso, pois as vezes, nem da própria família se cuida, quanto mais dos outros...é amigo a coisa está muito feia!
ResponderExcluirabraços e meus pêsames pro povo brasileiro!
Verdade, meu amigo Marcos. A realidade é triste e o que é pior, de plena acordo com o sistema. As coisas não mudam e o 'status quo' precisa disso. Miséria dá lucro e assim permanecerá por um bom tempo. Pena. Um abraço, Marcão.
ExcluirO cometário do Marcos diz tudo.
ResponderExcluirEu sinceramente abomino esta situação de caos social em que vivemos, Luto por uma Causa que parece ser em vão e ainda assim luto, é na Luta pela Democracia (Razão) que encontro motivos e incentivos!
ResponderExcluirA Verdade não deve se calar, nunca!
Porque os Direitos Humanos vão além!
Saudações: