Envolvida em uma polêmica devido a um cachê exorbitante
recebido para participar da inauguração de um hospital, a cantora Ivete Sangalo
preferiu se eximir de qualquer problema com relação ao assunto.
A posição por parte da artista foi dúbia.
Mas isso vem de longe. Em 2011 Ivete ganhou outros 840 mil da prefeitura de
Fortaleza para participar do Réveillon, também investigado pelo Ministério
Público local. Bom, a obra inacabada e prematuramente inaugurada já desabou.
A cantora tentou se esquivar, como de costume sobre o tema,
que lembra as mesmas polêmicas que envolviam estrelas da MPB da Bahia de ACM.
Em comum? Os interesses próprios são o mais importante; a população que padece
nas mãos de políticos mequetrefes que se dane.
ACM
Responsável pelo atraso da Bahia por décadas, Antonio Carlos
Magalhães fez do estado seu feudo particular. Derrubou inimigos com seus jogos
espúrios de bastidor, deu suporte total aos gângsteres da ditadura militar e às
milícias do Esquadrão da Morte e concentrou em suas mãos o monopólio da
comunicação, tanto na capital Salvador, quanto no interior; agressão à repórter
de TV (TV Itapoan, afiliada do SBT, em 1986). E tantas outras coisas sórdidas que
poderiam gerar consequências sérias a esse blogueiro se fossem reveladas. Por tudo
isso e muito mais ACM ganhou a alcunha de TONINHO MALVADEZA.
Não se ouvia uma única voz dissonante vinda dos expoentes
culturais, conterrâneos do político. Ao contrário; havia fila para a cerimônia
de “beija-mão” do painho.
Uma contradição crônica, visto que Caetano Velloso, Gilberto
Gil, por exemplo, protestaram contra o regime militar, mas convenientemente
esqueceram que Antonio Carlos fizera parte ativa do ‘status quo’.
A disparidade social e até racial na Bahia de Todos os Santos recrudesceu sob a batuta do então governador e depois senador.
Nos anos 80, o Carlismo continuava plenamente ativo, dessa
vez na figura de Ministro das Comunicações do governo Sarney, onde se sentia a
vontade para distribuir concessões de rádio e TV a parentes, amigos e comparsas.
Na década de 90, primeiro como aliado fiel de Collor, depois
como mandachuva da administração FHC, foi figura mais importante do que o rei.
De novo, sem contestações públicas por parte de celebridades
da música. Só aplausos e bajulações. E tudo porque dependiam dele, dos eventos
financiados por sua administração e seus acólitos.
Nada mudou no século XXI. A mesma miséria, desigualdade, políticos e retóricas populistas. E como ACM, há (e houve, pois alguns se foram , mas deixaram herdeiros) outros coronéis espalhados
pelo Nordeste. Geddel Vieira Lima, Inocêncio de Oliveira, Marco Maciel (vice-presidente
de FHC), João Alves, Genebaldo Correa, Ricardo Fiúza. A lista é grande, assim
como a situação de sortilégios que os nordestinos enfrentam. Nessa toada segue uma das regiões mais pobres do país. Por mais que o Bolsa-Família tenha trocado o
coronelismo local pelo federal, os senhores feudais ainda existem; assim como
seus efeitos nocivos à população e o populismo atroz.
Ao confraternizar (e cacifar) com os realizadores do evento, Ivete Sangalo, outra admiradora contumaz de ACM, mostra que o sofrimento de
muitos não se sobrepõe a ganância de poucos. E um cachê de quase 700 mil reais
é um argumento bem forte para esquecer-se disso.
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Olá amigo, coronelismo a solta no nordeste, nem mesmo eles tem coragem de enfrenta-lo, a campina clama mais por justiça, mas os campineiros estão escondidos no mato. Muita propaganda de suas belas paisagens ( eu vivo numa cidade feia, admito ) que escondem atrocidades e não nega sua disposição para a violência, como diria a historiador. Propaganda de pacifismo é bom para os negócios..atrai turistas...Mas do fundo do agreste, onde o corvo sobrevoa os corpos mortos comidos pelos urubus, também sobrevoam os gaviões e a sombra de um deus que sangra, mas oculta-se na caatinga. Porém um dia os gaviões farejaram seu sangue, e ai vamos ver... rsrsrs
ResponderExcluirabração!
Pois é Marcão, é a velha hipocrisia que assola nosso país. Muitos pseudo artistas querem fazer média com o populacho, mas sem largar o acesso fácil ao dinheiro público. E que se dane a ética. Um abraço
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