quarta-feira, 22 de maio de 2013

O Feio Mundo dos Sindicatos




Eles custam caro ao trabalhador, poucas vezes intercedem pelos afiliados, muitos são mais patronais que trabalhistas. Os sindicatos modernos são aberrações; versões distorcidas dos originais, cujos integrantes lutavam verdadeiramente pelos direitos do proletariado.

No século XVIII, tanto na Inglaterra, quanto na França (com as Revoluções Industrial e Francesa) as principais entidades sindicais lutavam contra todas as adversidades. Mas foi no século XIX, após a publicação do “Manifesto do Partido Comunista” que os sindicatos adquiriram força considerável. A sociedade ainda padecia de atavismos feudais e direitos trabalhistas inexistiam. Ironicamente, nos EUA, hoje o país mais refratário a direitos do trabalhador, é que as lutas começavam a ganhar força.

Negociações, seguidas de reivindicações e, na falta de soluções, protestos e greves surtiam o efeito necessário. Aos poucos os abusos eram coibidos, direitos inexistentes passaram a valer; homens e mulheres eram tratados com dignidade (ainda aquém do necessário).

Boa parte destas conquistas perdura até hoje.
Então, onde erram os atuais sindicatos?

 Primeiro nas intenções. Para muitos dirigentes sindicais os afiliados são um meio para um fim. Seja para ingressar na carreira política, ou para cacifar financeiramente.

Segundo, no propósito. Pressupõe-se que sindicalista pertença ao proletariado. Mas isso, em tese. Muitos almejam a direção de uma entidade de classe para ter dias “menos difíceis”. É de conhecimento público que eles apenas dirigem e ganham por isso. E ganham bem; muitas vezes acima do piso da própria categoria que representam. Mas dificilmente algum deles se disporia a mostrar seu contra-cheque. Criaria um certo embaraço.

Terceiro, na inversão de valores. Muitos dirigentes atuam com ambiguidade, quase como patronais.
Talvez os ‘xiitas’ de plantão, saudosos dos bons e velhos tempos, duvidem dos argumentos. Mas é só se propor um simples exercício de filosofia para entender o processo.


Exemplificando:

1- um trabalhador sindicalizado se dirige ao sindicato de sua categoria, alegando subtração de seu vale-transporte, não obstante o desconto permanecer o mesmo nos últimos três meses. O presidente da entidade, ao invés de tomar a frente e resolver o imbróglio, acaba por dedurá-lo à empresa, que o demite, posteriormente.

2- A negociação do dissídio muitas vezes não existe. Os dirigentes “vazam” o índice e os patrões dão o sinal verde. Fingem negociar e o aumento é anunciado com pompa e circunstância à classe trabalhadora.
Um típico pelego (Pelego era o líder sindical de confiança do governo que garantia o atrelamento da entidade ao Estado).





Claro que há exceções, mas dificilmente o roteiro foge muito disso.
Dúvidas, ainda? Bom, talvez uma conversa com aqueles pobres infelizes filiados compulsoriamente aos sindicatos dos comerciários, Brasil afora, daria a medida exata do abandono de uma categoria.

Ou poderiam perguntar a um sindicalizado da Força Sindical (que o homem forte, Paulo Pereira, sempre tem o nome envolto em escândalos) cujo processo coletivo para reaver as perdas do famigerado Plano Collor nunca foi prioridade, o que eles acham de um sindicato. Alguns ingênuos diriam que se trata de atraso por parte do Judiciário; mas quem foi afetado pelo problema pensa (e sabe) o contrário.
Ou para certas classes de trabalhadores que, mesmo sem sua anuência, percebem que suas reivindicações foram suprimidas dos acordos e os ajustes feitos à revelia da maioria.






Sindicatos e sindicalistas sobrevivem das contribuições compulsórias (sindical e assistencial) e com o dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A sindical é irreversível, graças a um infeliz parecer do STF; a Assistencial pode ser revertida se o trabalhador levar uma declaração, de próprio punho pedindo que não seja feito o desconto, em duas vias, para a sede da categoria, com CTPS e RG, deixando uma via no seu DP. Mas o FAT é usado em coisas que pouco tem a ver com a capacitação de novos trabalhadores, para cursos de reciclagem ou coisas similares. As entidades de classe tendem a usar para fazer sorteios nas comemorações do 1º de maio, ou para pagar cachês milionários de sertanejos ou pagodeiros.



Denúncias mostram fraude em sindicato no Estado de São Paulo



Para os ingênuos de plantão, que defendem o desconto na folha de pagamento da plebe, alegando ser de interesse do próprio trabalhador, diga isso ao Ministério Público. Nesse quesito, o MP até tenta abrir a “caixa de Pandora”, mas esbarra em resistências do próprio governo.


Sindicatos, em seus propósitos originais são necessários e vitais para qualquer classe do proletariado. Mas há uma diferença brutal entre sindicatos genuínos e certos ninhos de ratazanas que primam por desviar dinheiro público e fazer malversação do FAT. Para isso já existem os sindicatos patronais e o próprio governo para exercer tal papel.













Nenhum comentário:

Postar um comentário