Eles custam
caro ao trabalhador, poucas vezes intercedem pelos afiliados, muitos são mais
patronais que trabalhistas. Os sindicatos modernos são aberrações; versões
distorcidas dos originais, cujos integrantes lutavam verdadeiramente pelos direitos do
proletariado.
No século
XVIII, tanto na Inglaterra, quanto na França (com as Revoluções Industrial e Francesa) as principais entidades sindicais lutavam contra todas as
adversidades. Mas foi no século XIX, após a publicação do “Manifesto do Partido
Comunista” que os sindicatos adquiriram força considerável. A sociedade ainda
padecia de atavismos feudais e direitos trabalhistas inexistiam. Ironicamente, nos EUA, hoje o país mais refratário a direitos do
trabalhador, é que as lutas começavam a ganhar força.
Negociações,
seguidas de reivindicações e, na falta de soluções, protestos e greves surtiam
o efeito necessário. Aos poucos os abusos eram coibidos, direitos inexistentes
passaram a valer; homens e mulheres eram tratados com dignidade (ainda aquém do
necessário).
Boa parte
destas conquistas perdura até hoje.
Então, onde
erram os atuais sindicatos?
Primeiro nas intenções. Para muitos dirigentes
sindicais os afiliados são um meio para um fim. Seja para ingressar na carreira
política, ou para cacifar financeiramente.
Segundo, no
propósito. Pressupõe-se que sindicalista pertença ao proletariado. Mas isso, em
tese. Muitos almejam a direção de uma entidade de classe para ter dias “menos
difíceis”. É de conhecimento público que eles apenas dirigem e ganham por isso.
E ganham bem; muitas vezes acima do piso da própria categoria que representam. Mas dificilmente algum deles se disporia a mostrar seu contra-cheque. Criaria um certo embaraço.
Terceiro, na
inversão de valores. Muitos dirigentes atuam com ambiguidade, quase como
patronais.
Talvez os ‘xiitas’
de plantão, saudosos dos bons e velhos tempos, duvidem dos argumentos. Mas é só
se propor um simples exercício de filosofia para entender o processo.
Exemplificando:
1- um
trabalhador sindicalizado se dirige ao sindicato de sua categoria, alegando
subtração de seu vale-transporte, não obstante o desconto permanecer o mesmo
nos últimos três meses. O presidente da entidade, ao invés de tomar a frente e
resolver o imbróglio, acaba por dedurá-lo à empresa, que o demite,
posteriormente.
2- A negociação
do dissídio muitas vezes não existe. Os dirigentes “vazam” o índice e os patrões dão
o sinal verde. Fingem negociar e o aumento é anunciado com pompa e
circunstância à classe trabalhadora.
Um típico pelego (Pelego era o
líder sindical de confiança do governo que garantia o atrelamento da entidade
ao Estado).
Claro que há
exceções, mas dificilmente o roteiro foge muito disso.
Dúvidas,
ainda? Bom, talvez uma conversa com aqueles pobres infelizes filiados
compulsoriamente aos sindicatos dos comerciários, Brasil afora, daria a medida
exata do abandono de uma categoria.
Ou poderiam
perguntar a um sindicalizado da Força Sindical (que o homem forte, Paulo
Pereira, sempre tem o nome envolto em escândalos) cujo processo coletivo para
reaver as perdas do famigerado Plano Collor nunca foi prioridade, o que eles
acham de um sindicato. Alguns ingênuos diriam que se trata de atraso por parte
do Judiciário; mas quem foi afetado pelo problema pensa (e sabe) o contrário.
Ou para
certas classes de trabalhadores que, mesmo sem sua anuência, percebem que suas
reivindicações foram suprimidas dos acordos e os ajustes feitos à revelia da
maioria.
Sindicatos e
sindicalistas sobrevivem das contribuições compulsórias (sindical e
assistencial) e com o dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A
sindical é irreversível, graças a um infeliz parecer do STF; a Assistencial
pode ser revertida se o trabalhador levar uma declaração, de próprio punho pedindo que não seja feito o desconto, em
duas vias, para a sede da categoria, com CTPS e RG, deixando uma via no seu DP.
Mas o FAT é usado em coisas que pouco tem a ver com a capacitação de novos
trabalhadores, para cursos de reciclagem ou coisas similares. As entidades de
classe tendem a usar para fazer sorteios nas comemorações do 1º de maio, ou
para pagar cachês milionários de sertanejos ou pagodeiros.
Denúncias mostram fraude em sindicato no Estado de São Paulo
Denúncias mostram fraude em sindicato no Estado de São Paulo
Para os
ingênuos de plantão, que defendem o desconto na folha de pagamento da plebe,
alegando ser de interesse do próprio trabalhador, diga isso ao Ministério Público.
Nesse quesito, o MP até tenta abrir a “caixa de Pandora”, mas esbarra em
resistências do próprio governo.
Sindicatos,
em seus propósitos originais são necessários e vitais para qualquer classe do
proletariado. Mas há uma diferença brutal entre sindicatos genuínos e certos
ninhos de ratazanas que primam por desviar dinheiro público e fazer malversação
do FAT. Para isso já existem os sindicatos patronais e o próprio governo para
exercer tal papel.
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