Fim de
semestre se aproximando e com ele o início das negociações de algumas categorias
do funcionalismo público. Dentre elas, a que mais preocupa é a dos
trabalhadores do INSS.
Conhecidos
por usarem a população como refém durante o período de reivindicações, os “nobres”
integrantes do Instituto Nacional de Seguridade Social geralmente param suas
atividades por semanas.
Pouco
preocupados com a saúde ou a vida dos segurados (idosos em sua grande maioria),
acostumados a dormir nas intermináveis filas, madrugada adentro, esperando ter
o “privilégio” de ser atendidos no dia seguinte, os abnegados empregados do INSS
demonstram total desprezo pela vida.
Pessoas cujo salário e jornada diminuta (principalmente se comparado com
o setor privado) não condizem com o péssimo atendimento e o serviço prestado à
população, sempre desamparada no que tange a serviços públicos.
Sem contar a paralisação dos médicos. Pois com um sistema de saúde precário já se acompanha o drama de tantos brasileiros, imagine quando cruzam os braços. E, de novo, o cidadão, o contribuinte, o eleitor enfim, os brasileiros é que são atingidos pelos estilhaços.
Numa menor
escala, quando a categoria dos bancários (grande parte da rede privada) entram
em greve, os bancos do Brasil e Caixa Econômica Federal, cujos benevolentes
trabalhadores são do setor público e um infindável cabide de empregos, entram
primeiro em estado de greve e são os últimos a retornar. Mesmo quando o acordo
está fechado entre a FEBRABAN e o sindicato da categoria. Mesmo que o Tribunal
Superior do Trabalho, a última estância da área trabalhista, tenha decidido o
mérito da questão, eles ainda permanecerão de braços cruzados.
O direito de
greve é legítimo, mas a desfaçatez e o brutal desrespeito ao cidadão, que é o
mantenedor da festa, soa como escárnio, deboche.
GREVE vs O
DIREITO DO PRÓXIMO
Muitos sindicalistas
usam a situação como um meio para um fim. Não é segredo que dirigentes
sindicais (os chamados “pelegos”) usem sua visibilidade para alçar voos mais
altos, sempre fazendo jogo duplo (fingem que defendem o trabalhador, mas não é bem assim). Em resumo, usam os filiados, colocam a faca na garganta da população e
saem como os únicos vitoriosos da situação. Veja AQUI.
Nas
constantes greves de motoristas de ônibus o cidadão é punido. Se fosse algo
apenas por melhores salários e ansiando solução rápida para a contenda, por que
diabos não se mantém o trabalho, mas com a catraca liberada? Os usuários não
são prejudicados, não se prejudica a rotina das cidades e apressaria, e muito,
a decisão das administrações municipais. Bom, talvez o problema não seja apenas
uma discussão por melhores condições de trabalho. Talvez haja uma agenda
paralela por parte de certos sindicalistas. Talvez...
Leia também:
ENQUANTO
ISSO...
Voltando ao
assunto inicial, tramita no Congresso um projeto de lei que regulamenta a greve
do funcionalismo público (leia AQUI) . Na gaveta desde a era tucana o projeto foi
convenientemente ignorado por FHC; Lula cogitou pedir melhorias na proposta e
agora depende da presidente Dilma impulsionar a base aliada para tocar pra
frente.
Quem sabe
veremos o dia em que greves não serão abusivas, direitos trabalhistas
rigorosamente respeitados e, acima de tudo, uma população que não seja objeto
de barganha. Afinal, é a sociedade quem paga a conta, como sempre. Pois, assim como os funcionários merecem melhores condições de trabalho, as pessoas merecem melhores servidores públicos, que sejam dignos e não pensem que somente existem direitos, sem deveres.