“Eu sou um empresário. Melhor, sou um megaempresário. Prefiro
essa alcunha. Faz com que me sinta ainda mais imbatível. Quem poderia contestar a
mim,um MEGAempresário? Ninguém.
Eu tenho milhares de escravos a meu dispor,a fazer tudo que
ordeno,sem espaço para contestação. OK,OK, não posso chamá-lo de escravos em
público.Eu sei. Para a sociedade eu os chamo de “meus funcionários”. Demonstro
ter consideração por eles, digo à mídia
que o seu bem estar está em primeiro
lugar, que minha empresa (minha MEGAempresa) faz de tudo para que eles se sintam
em família,que lhes cerco de atenção e benefícios,dando a entender que todos
são importantes pra mim. Há!! Adoro repetir isso em público. Ninguém faz ideia do
quão sarcástico eu sou ao dizer isso.
Benefícios para meus empregados...Concedo apenas aquilo que a lei me obriga, nada além disso. Até o intervalo e o descanso devem ser restritos.Dou os parcos benefícios que devem ser concedidos, principalmente se posso obter isenções e/ou benefícios com eles (pra mim, uniforme é benefício SIM, vale transporte,também; nada além disso deveria ser fornecido; talvez até menos,mas quem sabe as coisas mudam, no futuro, se eu e meus pares resolvermos pressionar nossos apadrinhados no Congresso).
Pago apenas e tão somente o piso salarial acertado previamente com o sindicato. Ah,os sindicalistas... Adoro a visão que muitos tem deles...Uma visão romântica, devo admitir, de que alguém que veio de baixo (do povão) sabe muito bem da agruras do trabalhador e, portanto, fará de tudo para trazer justiça à categoria. Hahahahahaha! Sério? Vir de baixo os faz paladinos da moral e dos bons costumes?? Muitas vezes são os mais fáceis de corromper! Talvez por terem vindo de baixo...não sei. Mas conheço muitos (não todos) que se vendem por muito menos do que eu estaria disposto a pagar. Pelo ego. Principalmente os que tem ambições políticas (praticamente todos). Com estes eu mantenho uma relação ,digamos, MUITO próxima durante toda sua vida política.
Benefícios para meus empregados...Concedo apenas aquilo que a lei me obriga, nada além disso. Até o intervalo e o descanso devem ser restritos.Dou os parcos benefícios que devem ser concedidos, principalmente se posso obter isenções e/ou benefícios com eles (pra mim, uniforme é benefício SIM, vale transporte,também; nada além disso deveria ser fornecido; talvez até menos,mas quem sabe as coisas mudam, no futuro, se eu e meus pares resolvermos pressionar nossos apadrinhados no Congresso).
Pago apenas e tão somente o piso salarial acertado previamente com o sindicato. Ah,os sindicalistas... Adoro a visão que muitos tem deles...Uma visão romântica, devo admitir, de que alguém que veio de baixo (do povão) sabe muito bem da agruras do trabalhador e, portanto, fará de tudo para trazer justiça à categoria. Hahahahahaha! Sério? Vir de baixo os faz paladinos da moral e dos bons costumes?? Muitas vezes são os mais fáceis de corromper! Talvez por terem vindo de baixo...não sei. Mas conheço muitos (não todos) que se vendem por muito menos do que eu estaria disposto a pagar. Pelo ego. Principalmente os que tem ambições políticas (praticamente todos). Com estes eu mantenho uma relação ,digamos, MUITO próxima durante toda sua vida política.
Adoro quando sou procurado por candidatos querendo dinheiro
e me vendendo um “projeto de poder”. Como se eu dependesse deles para exercer ou
executar um plano de poder. Eu tenho muito poder, APESAR deles, e não graças a
eles. Não me entenda mal. Políticos são importantes no meu dia a dia, mas alguns
tornam a vida um pouco desagradável, exatamente por querer demais. Político bom
sabe quando parar e quando voltar pra buscar mais. Nesse ponto os veteranos de
guerra, vulgarmente chamados de coronéis, são dignos de louvor, pois sabem como ter vida longa e nunca ser pegos.
Como idolatro o processo eleitoral brasileiro...É quando eu
posso assistir a barganha. Os candidatos vão à televisão pedir o “voto” para os
eleitores incautos (como se eles decidissem alguma coisa no MEU país...), mas não
sem antes passar por meu escritório e me pedir a “benção”. Se eu decidir que
sim, o dinheiro é emprestado. Sim, porque o que me interessa são as licitações do
futuro governo. Algo que seja líquido e certo. Por isso sou extremamente seletivo
na escolha de quem vou “apoiar”. Não entro pra perder. Lucro nunca é demais. Consigo
muito com obras governamentais. Se puder, peço empréstimos ao BNDES para concluir
as obras que, é claro,não pagarei sob nenhuma circunstância.
Procuro cultivar uma imagem de filantropo, ajudando e visitando instituições de pessoas
repugnantes. Causa-me asco ter contato com crianças órfãs, ou velhos
decrépitos, mas ei! faz muito bem para os negócios, já que meus acionistas apreciam
esse tipo de bobagem pública!
Aprendi a “fazer média” tanto com a mídia, quanto o populacho. Lançar livros, participar de eventos, conceder entrevistas para pessoas de
confiança e escolhidas a dedo, que saibam jogar meu jogo, enaltecendo minhas
obras e evitando meus deslizes, perguntando apenas o que eu quero. Mas caso haja
um jornalistinha comunista dado a fazer perguntas indesejáveis, é evidente que serei
obrigado a ligar para o dono da emissora ou do veículo de comunicação para qual
o infeliz trabalha e pedir sua cabeça. Isso é muito fácil, já que conheço TODOS
os proprietários de grandes mídias e todos me devem favores, principalmente quando
me convidam para suas festinhas de inauguração de edifícios e sucursais ou
afiliadas. Faz bem para eles ter um “formador de opinião” no
evento, principalmente que saiba discursar. A cada solenidade destas, eu coloco na
minha lista de “devedores” mais empresários, outrora jornalistas. E ainda dizem
que a imprensa é “crítica, imparcial e investigativa”...Claro...Vamos dizer que
seja.
Sou assim e ajo desta forma há décadas, erigindo meu império
a passos largos e de maneira calculada. Tudo o que fiz para chegar até aqui foi
nas sombras, sem rastro e sem a menor suspeita. Nada escapa a minha atenção e
tudo o que acontece de relevante no país, tem que ter minha anuência. Este é o
jeito que criei para mim e que deu certo; em breve meus filhos seguirão meus
passos. Agora é fácil. Já lhes mostrei o caminho das pedras. Mas sei que eles irão
fazer exatamente o que eu fiz para que meu império seja expandido.
Eu sou um empresário. Melhor, sou um megaempresário. Prefiro
essa alcunha. Faz com que me sinta ainda mais imbatível. Quem poderia contestar a
mim, um MEGAempresário? Ninguém.”
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