Acho que foi
o primeiro disco de rock eu ouvi. Só pude perceber a amplitude do álbum muito
mais tarde, quando consegui entender as letras e o significado das composições.
Lançado em 1979, THE WALL foi o mais
emblemático trabalho do grupo britânico PINK FLOYD. Não é o melhor deles. Todos
os outros anteriores ganham ou por muito (Dark Side of the Moon) ou por pouco
(Relics). Mas o que diferencia este disco dos demais é o significado dele e sua
razão de ser.
Da primeira à última faixa é uma corajosa
exposição dos dramas pessoais do baixista Roger Waters. Dos traumas da
infância, a perda do pai na guerra, a mãe super protetora, os professores
tirânicos, a inclinação por poesias, a adolescência conturbada, a vida de
roqueiro, o casamento, a separação, o fundo do poço, os pensamentos
fragmentados e alucinógenos, e culminando com a tentativa de suicídio. Está tudo
lá. Com todas as cores. Precisa de muita coragem para ALGO TÃO INTIMISTA. E realizado
com maestria por Waters. E aí que começaram os problemas.
O baixista relegou os
outros integrantes, praticamente a meros ajudantes. Com exceção de duas músicas
em que o guitarrista David Gilmour dá o ar da graça, o restante do álbum é,praticamente , um
projeto solo.
As rusgas entre os componentes da banda que
eventualmente já existia (um sempre quer brilhar mais do que outro) foi
escancarado de vez com esse trabalho solo de Roger Waters.
O disco a seguir, THE FINAL CUT, já havia
começado com um integrante a menos. Lançado apenas em 1983, novamente muito
mais a cara do baixista do que do resto do grupo, foi a “pá de cal” na
trajetória da melhor banda de rock progressivo da história e uma das melhores
de todos os tempos do rock.
O que se viu a seguir foi uma desagradável
briga judicial pelos direitos de explorar o nome da banda. De um lado Waters;
do outro, o restante da banda: Gilmour, Mason e Wright.
Quando percebeu que estava perdendo a luta
nos tribunais, Roger chegou a usar a imprensa, pressionando ainda mais um
processo que caminhava para um desfecho negativo. Era muito comum ouvi-lo
dizer: “Se alguém aqui é Pink, esse Floyd sou eu”.
Antes do lançamento de The Final Cut, o
diretor Alan Parker realizou uma de suas melhores obras ao adaptar para o
cinema o disco The Wall. Com um roqueiro sem grande repercussão dos anos 70,
Bob Geldof,líder de um grupo de pouca expressão chamado BOOTOWN RATS, mais
conhecido por ter idealizado o grande concerto LIVE AID em 1985, o musical
ganhou status de ‘Cult’ pela forma diferenciada com qual Parker abordou a vida
do baixista do Pink Floyd.
A desavença entre os integrantes permaneceu por muitos anos, até que em 2008, no concerto G8, finalmente a velha banda estava reunida, novamente. Apesar de não terem mais o mesmo vigor, nem Waters conseguir cantar como antes (como ficou claro na música ‘Wish You Were Here’), ainda sim, era a volta da formação clássica, de uma banda inigualável e que tem uma trajetória criativa e um trabalho extremamente produtivo.
Hoje com um integrante a menos (Richard Wright, morreu em Setembro de 2008), e com o grupo sem muita razão de ser sem dois de seus
integrantes, tudo o que resta é lembrar. E eu lembro muito bem daquele dia em
que escutei pela primeira vez “Another Brick in the Wall”... Momentos como
esse, a gente não esquece jamais.
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