A proposta do plebiscito do governo mostra
uma administração incapaz de atender os anseios.
De um lado
manifestantes exigindo melhores condições para a saúde, educação, transporte,
segurança, além de protestar contra a corrupção vigente no país; de outro, um
governo despreparado para lidar com reivindicações e expectativas de uma nação.
Dilma
Roussef parece pouco a vontade em meio a onda de manifestações pelo Brasil. Talvez
a letargia do brasileiro durante décadas
tenha acostumado mal os políticos, de um modo geral.
As vaias
recebidas por ela durante a abertura da Copa das Confederações talvez tenham
incomodado mais do que se supunha. Sob pressão popular, resolveu mostrar
serviço. E errou a mão.
Primeiro ao
propor uma Assembleia Constituinte exclusiva
para uma reforma política ampla. Depois recuou (claro sinal de despreparo, de
alguém que tomou uma medida às pressas) e resolveu apresentar uma ideia de
plebiscito sobre mudanças.
São elas:
1 - “A forma de financiamento das campanhas
eleitorais, de modo a permitir uma avaliação do modelo atual. Que o povo possa
comparar suas vantagens e desvantagens com relação ao financiamento
exclusivamente público. Que o povo possa fazer comparação semelhante com o
modelo misto, em que os candidatos recebem recursos públicos e recursos de
fontes privadas, com ou sem restrições”.
2 - “A
definição do sistema eleitoral, em que se faça uma opção entre o sistema
proporcional como é hoje, o voto distrital puro ou misto, o voto majoritário
para a eleição de parlamentares, o voto em lista fechada ou flexível, ou,
então, o voto em dois turnos como propõem entidades da sociedade civil”.
3 - “A
continuidade ou não da existência de suplência nas eleições para o Senado
Federal”.
4 - “A
manutenção ou não da existência de coligações partidárias para a eleição de
deputados e vereadores”.
5 - “O fim ou
não do voto secreto no parlamento”.
Por estes
itens ela foi bombardeada até por aliados. Somado ao fato de que a oposição vem
fustigado a presidente nas últimas semanas (num tardio oportunismo para
demarcar território) e tem-se uma comédia de erros que, aos poucos, vai
desgastando a imagem da petista, num momento onde já se fala claramente sobre
corrida presidencial.
Dilma não é
Lula. Apesar de não ter o nome envolvido em escândalos de corrupção, como aconteceu
com seu antecessor. Ela também não tem o mesmo carisma do ex presidente. Nem o
carisma, nem os rompantes de populismo, tão úteis em momentos agudos como este.
Com todos os
defeitos possíveis e imagináveis (e ele os tinha aos montes), Lula aglutinava a
base em situações adversas, ainda que fosse com o velho “toma-lá-da-cá”. Dilma
já usou esse artifício antes, sem o mesmo resultado. Ela não consegue “dar liga”
à base de sustentação do governo, em especial o mais instável partido aliado, o
PMDB.
O partido do
Vice-Presidente da República é uma amálgama de várias vertentes e,
portanto,visões e interesses diferentes. Também é responsável pelo chamado “fogo amigo” que acomete a
presidência há algum tempo.
Se a
presidente quer reverter esse quadro preocupante (cujo os efeitos são
aumentados exponencialmente por parte da mídia tendenciosa, o P.I.G) deve
adotar uma postura mais firme, dialogar com outros partidos, inclusive os da
oposição. Deve dividir a conta com as demais forças políticas.
Se insistir
em responder com medidas vagas e paliativas Dilma Roussef corre o risco de ver os protestos
recrudescerem; e isso, em ano pré- eleitoral, pode causar mais estragos na
conturbada cena política nacional.
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