Debater sobre os assuntos relevantes (e os não tão relevantes) de maneira aberta e objetiva
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Como as Religiões muitas vezes só Atrapalham
Sou ex-testemunha de Jeová e infelizmente casos de destruição familiar se repetem quando um dos membros TJs deixa a religião, seja por ser expulso ou por pedir para sair.
No meu caso, o bom foi que eu e minha esposa saímos juntos depois de ficarmos considerando as bases de nossa fé por dois anos. Se não fosse a pesquisa conjunta hoje nossa família estaria destruída.
Pedimos nossa saída por carta e uma comissão de anciãos julgou nosso pedido, aceitaram nosso desligamento, mas todos nossos familiares e antigos amigos que lá frequentam não podem mais nos dirigir a palavra.
O pai de minha esposa vive depressivo por ser ancião e ser obrigado a evitar a filha sob pena de perder o cargo. A vigilância entre os membros é severa e qualquer deslize pode levar a pessoa a ser julgada e desassociada, recebendo o mesmo tratamento de exclusão social.
O mundo das TJs é isolado, crescer lá sem nunca poder ter amizade com quem não é da mesma fé torna a expulsão avassaladora. Perder esse círculo social religioso significa estar sem qualquer suporte emocional, tudo afora das TJs é de Satanás.
A organização das TJs é voltada para criar no seguidor uma forte dependência mental, toda sua vida lá é dirigida através de normas e regras estudadas exaustivamente em revistas e livros. Mesmo alguma questão dita de "consciência" já tem pré-estabelecida a resposta certa a tomar.
O controle pelo medo é através de chantagem teológica. Você pode deixar a religião, mas vai pagar perdendo sua família, seus amigos, a vida eterna, o amor de Deus e a estabilidade emocional. TJs são enfraquecidos a ponto de não suportar o mundo sem a muleta religiosa.
A vida como TJ é mentalmente cansativa e seu estilo levam muitos à depressão, ser expulso tem levado a suicídios. Se uma pessoa já possui algum distúrbio mental e vive num ambiente TJ, é certo que seu caso será agravado. É um ambiente insalubre.
O caso de Realengo é um exemplo disso e foi pouco explorado o fator TJ na infância do maluco. Muito do molestamento que ele sofreu foi por ser TJ, como a própria irmã de criação afirmou no programa "A Liga" da Band. Ele tinha sido expulso das TJs e estava isolado da família. Será que esse fator não foi importante?
Quem deixa as TJs precisa de um novo círculo social para se estabelecer de forma mentalmente saudável. Porém alguns não suportam o isolamento e voltam para religião. Para ser aceito de volta a pessoa tem de frequentar as reuniões entrando sempre um pouco depois do inicio, não cumprimentar ninguém (ninguém vai cumprimenta-la também), tem de sentar-se nos fundos de forma discreta e sair imediatamente após a oração final. Os anciãos estarão avaliando sua submissão.
Após no mínimo seis meses nessa rotina de silêncio, o interessado tem de escrever uma carta mostrando arrependimento e os motivos de desejar ser a readmissão. Esta carta pode ser rejeitada e ele continuar na situação por anos. Isso quebra a personalidade humana.
A programação faz toda TJ acreditar que o mundo está muito perto do fim e que a única chance de salvação é dentro dessa organização, mas sair de lá não garante a libertação da mente.
Para minha família, a chave foi a coragem de aos poucos questionar e procurar respostas sérias. Conforme fomos pesquisando novas questões surgiram e mesmo que isso destruísse nossas antigas certezas, as respostas racionais trouxeram satisfação. Não que as respostas fossem o que desejávamos, não eram. No entanto isso foi nos livrando da dependência, da programação.
Com o tempo nossas perguntas tiveram de ir além das TJs, tivemos de investigar o cristianismo e suas bases, a Bíblia e suas origens.
Com o passar dos anos eu e minha esposa nos tornamos ateus, e é hoje um enorme alivio vermos nossos filhos longe do que poderia estar sendo a vida deles vivendo com medo e ignorância, pregando de casa em casa sobre a guerra de Jeová e o banho de sangue a fim de trazer um paraíso para robôs.
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