Desde a
época de Gobbles (marqueteiro nazista) que a propaganda, num sentido
pejorativo, tem sido usada para convencer pessoas sobre coisas das quais elas não precisam ser convencidas.
Já a
publicidade é usada para ludibriar e/ou persuadir uma pessoa a adquirir
produtos que não precisa; ou, pior, consumir coisas que possam eventualmente,
fazer mal.
Também se
tornou comum confundir as duas vertentes, propaganda e publicidade.
Nesse
universo do faz de conta, onde nem sempre uma coisa é exatamente o que
aparenta, temos a figura intermediária, responsável por mostrar que tal produto,
ideia ou pessoa é palatável. Esse profissional chama-se publicitário. Mas qual
é a sua relevância nesse processo todo (convencimento, persuasão)?
Semântica à
parte, é certo que seu papel é crucial. E em vários aspectos diferentes, e em campos
diversos. Inclusive na política, já que a função do “marqueteiro” é vender a
imagem do candidato.
Um exemplo
citado acima foi o nazismo, onde boa parte dos alemães foi convencida da
necessidade do regime totalitário, como forma de resgate da ‘autoestima’ de um
povo que havia sido derrotado e humilhado na 1ª guerra mundial. Deu no que deu.
Mas as estratégias de Gobbles foram inovadoras à seu tempo. Com recursos de luzes,
posicionamento de câmeras e de lugar de destaque para Hitler nos comícios, ele
dava uma nova cara à divulgação, à propaganda/publicidade.
VENDE OU
MANIPULA?
O objetivo
de quem produz ou cria algo é difundir, mas como fazer? Muitas vezes a
manipulação é descarada, convencendo alguém a acreditar em algo (ou alguém), mesmo
sem saber por quê. Quantas vezes ao assistir a um comercial de um refrigerante,
em pleno calor, não sentimos uma vontade quase incontrolável de beber um? O
mesmo acontece com a “propaganda eleitoral” onde um candidato aparece em um
cenário com cores alegres, com discurso tranquilo e conciliador, falando das
coisas que gostaria de fazer, se tivesse a chance. A ‘chance’ é o voto
concedido, portanto, quando o eleitor (o consumidor) concorda com o que viu, ou
no que foi levado a acreditar.
Na sua eficiência,
a publicidade convence quem acompanha um anúncio a consumir determinado produto.
A propaganda também.
Em um
exemplo mais comum, temos uma publicidade veiculada há anos, que anuncia uma
determinada “sandália” (chinelo, para o povão). A fórmula é sempre a mesma: usam
artistas globais, em roupas típicas de verão, em um cenário belo e colorido
dizendo que só usam o determinado produto. Resultado: há anos uma das marcas
mais vendidas. Porém, na vida real, as próprias “celebridades” admitem que
jamais usariam tal produto, visto que tem um apelo popular, e não pegaria bem
se fossem visto usando algo tão comum. Muitos usam marcas importadas, de
modelos diferenciados. Portanto, pura e simplesmente, mentem associando suas
respectivas imagens a um produto que não apreciam. Mas por uma módica quantia
(o cachê gira em torno de 400.000 a 800.000, dependendo do “artista”) eles
topam dizer que são consumidores do CHINELO.
(Rodrigo Santoro "vendendo" as sandálias famosas)
Muitos artistas também associam seus nomes a
candidatos políticos, mediante módico cachê. Mesmo não sendo o candidato que
lhes inspire confiança, ou até um que eles já conheçam as propostas. Caso mais
famoso foi o da dupla Zezé de Camargo e Luciano, cujo apoio a Lula, em 2002 foi
profissional, já que ambos admitiram não conhecer o candidato nem suas
propostas. Mas o pagamento os convenceu. Assim como as benesses pós-eleição,
como o apoio do Banco do Brasil à turnê dos cantores sertanejos.
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Ambas as
atividades se confundem. Propaganda e publicidade convencem alguém a comprar
algo ou uma ideia. Usam subterfúgios para alcançarem tal feito que muitas vezes
soam como jogo sujo ou desespero de causa. Como associarem mulheres bonitas e
de biquíni em comerciais anunciando cerveja. Quando na realidade, botecos são,
via de regra, deprimentes e repletos de pessoas alcoólatras ou disfuncionais
(há exceções). Típico caso de propaganda enganosa. Mas eficiente.
(como realmente é)
Houve uma época em que a publicidade
brasileira era referência mundial, com comerciais magníficos. Curiosamente a
propaganda eleitoral do mesmo período era pobre e escassa de recursos. No
máximo, um bordão para definir determinado candidato. Mas na mesma proporção em
que ocorreu o declínio criativo dos anúncios, a parte dos “marqueteiros
eleitorais” se profissionalizava. Vender a imagem de Paulo Maluf como prefeito
de SP foi a ação mais criativa do publicitário Duda Mendonça e o ápice de sua
categoria profissional. Com Lula não foi muito diferente.
Como a
publicidade brasileira, salvo raras exceções, se especializou em vender
sandálias e cerveja, grosso modo é na propaganda eleitoral que as agências
estão focando seus esforços, já que o retorno financeiro também é vantajoso.
Lembrando que candidato eleito precisa de uma empresa de publicidade para
divulgar suas obras para os cidadãos. Ainda que seja para dizer que tudo está
bem e há inúmeras obras em andamento.
Mesmo que seja um faz de conta. Mas afinal, de ‘faz de conta’ a
publicidade entende como ninguém.
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