sábado, 2 de novembro de 2013

O DIA DE FINADOS E A HIPOCRISIA DO BRASILEIRO




2 de novembro, dia de Finados. Convencionou-se, ao longo do tempo, dedicar esse dia específico para homenagear os que já nos deixaram. Mas há algo de estranho nesse "feriado", que muita gente ainda não entendeu.

Como todo feriado, acabou sendo incorporado na sociedade da maneira mais comum: virou puro comércio. E poucas pessoas captaram a guinada capitalista do dia.



Repare que em muitas localidades, já há preparativos comerciais (principalmente arranjo de flores) no dia anterior. Vários camelôs começam a preparar seu arsenal ainda no dia 1º. Conforme o dia vai chegando os demais ambulantes e adjacentes começam a se aproximar dos cemitérios: o pipoqueiro, o sorveteiro e outros "eiros" que completam o cenário que mais lembra um dia no parque, ao menos do lado de fora. Os malfadados flanelinhas, os que se auto-intitulam donos das ruas, também marcam presença pra explorar ainda mais as famílias.

A culpa desse circo todo é do próprio brasileiro, ao menos o que comemora a data --em sua imensa maioria católicos da velha guarda. Ao permitir instituírem um dia para devoção aos mortos, como se fosse uma mera obrigação, também permitiram a descaracterização do dia de Finados.

Não foram os vendedores ambulantes que transformaram a data, e sim os entes que permaneceram. Eles é que dedicam apenas e tão somente um dia para lembrar dos que já se foram; eles é que agem como se o mundo fosse acabar, se não baterem cartão nos cemitérios; eles é que atuam como se fosse imprescindível levar uma rosa ou uma coroa de flores para colocar em cima da lápide ou do mausoléu (e o medo do vizinho dizer que eles não lembram dos familiares que já morreram...), como se fosse um desencargo de consciência; eles fizeram desse dia um ritual obrigatório.

Para os mais sensíveis, que poderiam apontar a dureza das palavras deste blogueiro, segue a seguinte questão: e quanto aos outros 364 dias do ano? Também se lembram dos  finados, ou já cumpriram o dever no dia 02 de novembro e já não estão mais obrigados a prestar homenagem aos falecidos? A verdade dói...

No caos que é todo segundo dia deste mês, todos os anos, não se tira nada além disso: uma tarefa. Muitos, é claro, lembram com pesar; ainda assim, externam isso um dia por ano.

Palavra de quem já perdeu gente muito próxima na família, alguns de maneira muito sofrida: VELAR, HOMENAGEAR OU LEMBRAR DOS MORTOS DEVERIA SER NATURAL, ESPONTÂNEO; NÃO UMA OBRIGAÇÃO DE UM DIA ESPECÍFICO.

Todos sentimos pelo os que já se foram. Mas os que já se foram talvez sintam ainda mais ao perceber que só são lembrados num dia, numa hora programada. Tudo por um mero convencionalismo da sociedade. E que me desculpem os politicamente corretos.



Leia também:

Aos Politicamente Corretos:



5 comentários:

  1. O dia dos Mortos Fiéis, ou dia dos Finados, assim como o Natal, Páscoa, Nossa Senhora da Aparecida, são feriados católicos. Tem bastante não? Todos eles remetem a celebrações que enchem as igrejas e é feriado evidentemente porque dá lucro ao comércio e sobretudo a igreja, obrigatoriamente tendo que ser divulgado na televisão. Os evangélicos não reconhecem (mas sobe como é, podem fazer exceções, não? eheehehe ) e os espíritas recomendam que não seja feito por obrigação e sim por vontade e carinho aos entes queridos. Mas a ICAR obriga seus fiéis a reverenciarem pelo menos 1 dia do ano aos mortos, sendo no dia 2 porque dia 1 é dia de todos os santos.Mas parece-me que a idéia é ir atrás dos mortos que não são lembrados mesmo, tipo aquele pessoa que você passa o resto do ano sem nem sequer lembrar dele bem como você disse no seu texto. Da mesmo forma que o dia primeiro é ir atrás daqueles que, segundo a crença, teriam o tal estado de graça. Me parece que aqueles que não foram "agraciados" teriam sua vez no dia de finados...

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  2. Verdade, Marcão. Um emaranhado de coisas sem sentido que no final das contas leva do nada ao lugar nenhum. Enfim, mais um dia no mundo da igreja católica. um abraço

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  3. Não vou tecer nada do que já foi amplamente comentado pelos distintos.
    Todavia, passo a argumentar algo mais sério do que sejam essas anormalidades.
    Se somos eternos, não morremos, apenas, passamos de um lado para outro, portanto, é história de ir aos cemitérios, comprar flores, limpar os túmulos ( que nada disso os condeno) mas, acho desnecessário, tendo em vista que ali deverá existir ossos, se houver, ou até mesmo corpos em decomposição, porque o espírito já está em outro plano que todos nós ainda iremos para lá. Se acreditam num Criador, em suas poucas palavras que nos transmitiu sermos sua imagem e semelhança, não há porque o que fazem. Caso contrário e os que foram cremados e as cinzas lançadas no mar, ou outros lugares? É sinal de que tudo acabou-se. Parem e pensem um pouco, porque tudo isto vem somente originado pelas Religiões que não procuram informar a verdade e sim, que virá posteriormente o Criador com sua espada, e dirá quem vai para o céu( que Céu,?) quando ele mesmo informa que ele possuem muitas moradas! Respeito que assim procede, mas que uma mensagem por meio de nossas energias psíquicas a todos que já se foram, acredito ser muito mais conveniente do que limpar mausoléus, túmulos, etc, etc. tudo é realmente finalidade comercial apenas.

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  4. Parabéns a vocês que externando essas suas opiniões, pensamentos, estão colaborando, e em muito, ainda que aos poucos, para que a maioria passe a crescer e a enxergar mais e melhor, e fazer valer a capacidade de visão que DEUS deu a todos nós. UNS DEMORAM UM POUCO MAIS PARA ENXERGAR MAIS LONGE, CONTUDO, QUEIRAM OU NÃO, VÃO ACABAR POR PERCEBER CLARAMENTE ATÉ MESMO O QUE , HOJE, NÃO CONSEGUEM SEQUER VER.

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