Nos últimos anos, a evolução técnica do
cinema brasileiro foi impressionante.
Houve uma época em que o artista tinha que
gravar sua participação no filme e depois, em estúdio, redublar suas falas. Uma
vergonha. E isso perdurou até os anos 80.
Um longo caminho até a chamada “retomada”.
O ano
era 1994, e o cinema, assim como a economia dava sinais de franca recuperação. Terra Estrangeira talvez tenha sido a “pedra
fundamental” nesse processo. O bom filme com Fernanda Torres mostrava as
agruras de brasileiros que tentavam a sorte em Portugal.
A partir daí o som e a imagem (hoje em HD) e
até as salas de projeção se tornaram compatíveis.
Tudo, menos os roteiros. Mesmo com alguns
filmes sendo indicados ao Oscar de Filme Estrangeiro (O QUATRILHO/ O QUE É
ISSO, COMPANHEIRO/CENTRAL DO BRASIL/CIDADE DE DEUS), nenhum deles se comparava
a “O Pagador de Promessas”.
Clássico absoluto da história do nosso cinema
(ao lado de VIDAS SECAS e LIMITE) é uma adaptação da peça magistral de Dias
Gomes.
Gomes criticava duramente a igreja, a
imprensa, a polícia, a ausência de uma reforma agrária no país e o falso
moralismo vigente à época.
Ganhador da Palma de Ouro em Cannes em 1962
(desbancando gênios como Buñuel, Antonioni, Fellini, Visconti e Lumet) e
indicado ao Oscar de produção estrangeira, perdendo de maneira injusta.
O resultado da obra de Anselmo Duarte é
impressionante e inigualável até os dias de hoje.
Até o elenco suplanta boa parte das produções
atuais, apinhadas de rostos bonitinhos das novelas globais, mas que são
incapazes de repetir duas frases sem tropeçar as vogais.
O cinema nacional já viveu dias de glória e
quem o comanda agora deveria se preocupar mais com a sétima arte em si, do que
tentar ganhar, desesperadamente, um Oscar; uma obsessão que custará caro ao país.
Fala Marcelo!
ResponderExcluirFilme maravilhoso, feito pelo fenomenal Dias Gomes, autor da única novela e o único sucesso legítimo da televisão: Roque Santeiro. A única novela que eu assisti inteira, e que conseguiu, ao contrário de todas as outras, falar a verdade e ao mesmo tempo entreter, Pra mim ele é o Pelé da dramaturgia brasileira, assim como o Ariano Suassuna do cinema...Com o Bem amado ele conseguiu mostrar os podres da politica Brasileira e consagrar dois dos melhores atores da televisão: Lima Duarte ( ateu diga-se de passagem, para tentar acabar com o preconceito religioso ) e Paulo Gracindo. Ambos tiveram coragem pra enfrentar o preconceito e o fanatismo religioso, com uma maestria tamanha que poucos perceberam que o rei estava nú...Hoje só fazem novelinhas de putaria, sem profundidade, e acham o máximo, mas nenhuma chega aos pés dessa...Pior que, para demonstrar a hipocrisia do povo, esses dois trabalhos fizeram um enorme sucesso na época...criaram polêmica e abriram fronteiras...Claro temos um Celso Furtado, Sérgio Barreto, ( Celso gaúcho porreta ) e vários outros mas que infelizmente carecem de divulgação a altura ...Pois são muito bons também...Sinto muita falta do trabalhos deles..Claro que temos outras produções legais, mas essa realmente está acima delas...
abração!
Verdade, Marcão. Só um detalhe atrapalhou Roque Santeiro: a Globo deu plenos poderes para o insípido Agnaldo Silva tocar o barco à revelia de Dias Gomes, o que fez com que houvesse muita encheção de linguiça (dez meses de novela) e um final decepcionante. Fora isso,valeu a pena. Mas melhor q Roque, só a peça do autor q originou a trama: O BERÇO DO HERÓI. Lá ele tem liberdade total de criticar a tudo e a todos. Um abraço meu amigo
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