Um
grupo de pessoas faz um comentário que vai na contramão da maioria
ou contesta algo que é tido como verdade, ou sagrado; outro grupo os
condena publicamente, com palavras de ódio e discurso de violência.
Pode parecer o século XVI, auge da chamada Idade das Trevas, mas
acontece com muita frequência nos dias atuais.
A
mais recente polêmica acometeu –mais uma vez – a trupe de
humoristas do Porta dos Fundos. O objeto de tanto ódio? Um episódio
sobre o nascimento de Jesus.
No
país de Feliciano, Malafaia, Edir Macedo e Valdomiro a fé virou um
negócio extremamente lucrativo. Os maus apóstolos, os lobos que
guiam as ovelhas menos afortunadas, economicamente e mentalmente são
os que ditam as regras. Se são criticados por extorquirem seus
clientes, ou “fiéis” como gostam de bradar aos quatro cantos,
recorrem a velha retórica do preconceito religioso. Mas podem se dar
ao luxo de perseguirem homossexuais, atropelando a própria
Constituição que garante que todos são iguais.
A
velha Igreja Católica, carcomida pelo tempo e precursora das
explorações e desmandos que assolaram a humanidade por quase um
milênio também se arvora no direito de contestar publicamente
humoristas.
"Será
que isso é humor? Ou é intolerância religiosa travestida de humor?
Péssimo mau gosto!", disse
o arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal Dom Odilo Scherer.
Ver um representante do Vaticano no Brasil usar a palavra
“intolerância” beira o escárnio. Mais intolerante do que a
Igreja Católica Apostólica Romana, que matou ao longo de sua
história suja, mais do que os nazistas na Segunda Guerra, não há.
Por
que situações como esta acarretam tanta balbúrdia? Será a verdade
tão tênue que temem que uma simples ‘esquete’ humorística
possa por tudo a perder? Que aqueles que sofreram lavagem cerebral
possam eventualmente acordar de seus transes?
Martin
Scorsese passou por algo semelhante com seu filme A ÚLTIMA TENTAÇÃO
DE CRISTO. Uma adaptação do livro homônimo do escritor grego Nikos
Kazantzákis. No prefácio já é possível dirimir toda e qualquer
dúvida sobre a veracidade do texto: É UMA OBRA DE FICÇÃO. Mesma
frase usada na abertura da produção cinematográfica. Mas foi
insuficiente para impedir os religiosos de mente tacanha de protestar
contra a exibição da película. Novamente temendo o que não viram.
Um
prego na areia teme a onda mais forte. Mal comparando é o que,
inconscientemente, sente um cristão inseguro de sua fé. Então para
que não tenha que refletir, pensar sobre os dogmas de sua religião,
QUESTIONAR, ele ataca. Abdica da racionalidade, conseguida às duras
penas, através de milênios e milênios de evolução, para
achincalhar os que fazem bom uso do pensamento.
O
certo e o errado tem significados diferentes nos dias de hoje. O
recrudescimento das vertentes religiosas contra a sociedade é um
exemplo disso. A cruzada contra os homossexuais é o que mais
constrange. Cerceiam a liberdade sexual das pessoas, atacam em seus
púlpitos e ignoram seus direitos. Mas esquecem-se, convenientemente,
de um homem que disse uma vez:” Amai ao próximo como a ti
mesmo” e “Não julgueis para não ser julgado”.
Esse
Jesus, revolucionário, de esquerda, contrário ao sistema, pobre e
que criticava o acúmulo de riquezas, que pregava a igualdade e a
fraternidade provavelmente seria a principal vítima de calhordas
religiosos que usam seu nome para ludibriar e para enriquecer
ilicitamente.
Entre
vocês, homens pretensamente autoproclamados “de deus” e a
liberdade de expressão, SEMPRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
A PIOR INVENÇÃO DA HUMANIDADE FORAM AS IGREJAS.
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