quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

FAVELA DO METRÔ - UM DIA DE FÚRIA.






O sol de 1/2 dia na moleira. Verão a pino.Um trânsito caótico. Os choros, os gritos de raiva pelas injustiças. As reclamações dos que sempre são esculachados pela truculência imoral e letal da PMERJ. Prisões. Bombas. Pimenta. Pistolas letais. As injurias de um despejo. A arbitrariedade do desmando cotidiano aos negros e pobres. Essas foram as "tags" da manhã de hoje (08/01) na Favela do Metrô, sitiada & situada na avenida São Francisco Xavier.



Um morador, já revoltado com esse quadro macabro reclamava
desde sábado esses polícias da UPP da Mangueira e os policiais “cheirados” do 4º batalhão, pois é, são viciados, eles pedem pra nós subirmos e pegar pó pra eles . Foram eles que mataram o Uellington, garoto trabalhador, família. Aqui falta de tudo, só não falta polícia bandida.

Um policial armado de fuzil dito não mortal replicava em alto brado
"Prende aquela piranha, vai lá prende porra!, saí daqui seus porras, vou meter tiro de borracha nas crianças, joga gás e bomba neles, olhe o gordo segura ele, traz pro camburão os dois, traz a garota grávida, foi ela que jogou pedra na gente".




A tristeza de se ver uma população esquálida e abandonada como essa da Favela do Metrô é de arrepiar. Mulheres. Meninas grávidas. Bebês em choro compulsivo. Homens desempregados, meninos sem escola. Sem nada. São os "SEMSEM", OS SEM VIDA, OS SEM NADA.



Selma Maria com seu bebê no colo, uma jovem menina, já mãe, tentava explicar aquela impiedosa situação. "Na época da eleição o Eduardo Paes, veio aqui, disse que ia fazer nesse terreno uma comunidade de trabalhadores do mercado de mecânica em automóveis, são muitas lojas de conserto de carros, toda as pessoas veem aqui, somos uma necessidade. Não pode agora, esse prefeito derrubar nossas casas pra fazer estacionamento pra copa do mundo. E nós vamos ficar de que jeito!"


Um grupo de PMs armados entra num beco da favela, todos gritam desesperados. Um policial enlouquecido empunha uma pistola e ameaça atirar em um rapaz algemado no meio dos moradores.


"Vai filma esse louco, olha a arma dele, é só isso que eles só sabem fazer matar, vai, vai velho, filma o PM, olha a pistola dele, cuidado Zé eles são bandidos, depois dizem que os meninos é que são malvados, são os covardes de farda, esses PMs".




O contexto social do local é o protótipo da exclusão no Brasil: Negros. Pobres. Esgoto a céu aberto. Bicas sem água. Casas sem luz, chão enlameado. Baixa autoestima. Desassossego. Arbítrio. Solidão. Revolta.



Um senhor, meio que escondido desse dia de fúria, faz questão de dizer
"Por isso voto nulo, o povo é sem educação, o governo quer submissão, mas, o morro vai descer, aí os brancos vão correr pro morro, ou vão morrer de medo".



Texto e Fotos - Francisco Chaves

NOTA DO BLOGUEIRO:

Talvez os policias façam esse serviço sujo porque querem; talvez por ordens do batalhão; ou talvez porque o governador, via secretário de segurança, através do comandante do batalhão ordene.
Fato é que esse estado totalitário, com atitudes nazistas, usando o seu braço armado que mais parece a Gestapo, acaba marginalizando aqueles que já estão quase no abismo. Sem recursos, sem oportunidades...Apenas a "boa" e velha truculência policial. Bombas de efeito moral, balas de borracha, spray de pimenta. O velho roteiro usado contra as comunidades. Os policiais, eternos capachos do sistema, agem como idiotas uniformizados, cumprindo ordens irracionais de maneira bárbara contra os inocentes. 
Esse é o legado que será deixado pelo governador e pelo prefeito
 para a população pobre do Rio?
E, para variar um pouco, um assunto dessa grandeza é solenemente ignorado pela "grande" imprensa.
E não é por incompetência, é por má fé, mesmo. Protegem aqueles que deveriam expor. E com sua conveniente omissão, prejudicam aqueles que tinham que contar com a mídia. Enquanto isso, nos prinicpais telejornais, fala-se apenas sobre o tempo nos EUA, afinal é um assunto bem mais "relevante".







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