O sol de 1/2 dia na moleira.
Verão a pino.Um trânsito caótico. Os choros, os gritos de raiva
pelas injustiças. As reclamações dos que sempre são esculachados
pela truculência imoral e letal da PMERJ. Prisões. Bombas. Pimenta.
Pistolas letais. As injurias de um despejo. A arbitrariedade do
desmando cotidiano aos negros e pobres. Essas foram as "tags"
da manhã de hoje (08/01) na Favela do Metrô, sitiada & situada
na avenida São Francisco Xavier.
Um morador, já revoltado
com esse quadro macabro reclamava
desde sábado esses polícias da
UPP da Mangueira e os policiais “cheirados” do 4º batalhão,
pois é, são viciados, eles pedem pra nós subirmos e pegar pó pra
eles . Foram eles que mataram o Uellington, garoto trabalhador,
família. Aqui falta de tudo, só não falta polícia bandida.
Um
policial armado de fuzil dito não mortal replicava em alto
brado
"Prende aquela piranha, vai lá prende porra!, saí
daqui seus porras, vou meter tiro de borracha nas crianças, joga gás
e bomba neles, olhe o gordo segura ele, traz pro camburão os dois,
traz a garota grávida, foi ela que jogou pedra na gente".
A tristeza de se ver uma
população esquálida e abandonada como essa da Favela do Metrô é
de arrepiar. Mulheres. Meninas grávidas. Bebês em choro compulsivo.
Homens desempregados, meninos sem escola. Sem nada. São os "SEMSEM",
OS SEM VIDA, OS SEM NADA.
Selma Maria com seu bebê no colo,
uma jovem menina, já mãe, tentava explicar aquela impiedosa
situação. "Na época da eleição o Eduardo Paes, veio aqui,
disse que ia fazer nesse terreno uma comunidade de trabalhadores do
mercado de mecânica em automóveis, são muitas lojas de conserto de
carros, toda as pessoas veem aqui, somos uma necessidade. Não pode
agora, esse prefeito derrubar nossas casas pra fazer estacionamento
pra copa do mundo. E nós vamos ficar de que jeito!"
Um
grupo de PMs armados entra num beco da favela, todos gritam
desesperados. Um policial enlouquecido empunha uma pistola e ameaça
atirar em um rapaz algemado no meio dos moradores.
"Vai
filma esse louco, olha a arma dele, é só isso que eles só sabem
fazer matar, vai, vai velho, filma o PM, olha a pistola dele, cuidado
Zé eles são bandidos, depois dizem que os meninos é que são
malvados, são os covardes de farda, esses PMs".
O contexto social do
local é o protótipo da exclusão no Brasil: Negros. Pobres. Esgoto
a céu aberto. Bicas sem água. Casas sem luz, chão enlameado. Baixa
autoestima. Desassossego. Arbítrio. Solidão. Revolta.
Um
senhor, meio que escondido desse dia de fúria, faz questão de
dizer
"Por isso voto nulo, o povo é sem educação, o
governo quer submissão, mas, o morro vai descer, aí os brancos vão
correr pro morro, ou vão morrer de medo".
Texto e
Fotos - Francisco Chaves
Talvez
os policias façam esse serviço sujo porque querem; talvez por
ordens do batalhão; ou talvez porque o governador, via secretário
de segurança, através do comandante do batalhão ordene.
Fato
é que esse estado totalitário, com atitudes nazistas, usando o seu
braço armado que mais parece a Gestapo, acaba marginalizando aqueles
que já estão quase no abismo. Sem recursos, sem
oportunidades...Apenas a "boa" e velha truculência
policial. Bombas de efeito moral, balas de borracha, spray de pimenta. O velho roteiro usado contra as comunidades. Os policiais, eternos capachos do sistema, agem como idiotas uniformizados, cumprindo ordens irracionais de maneira bárbara contra os inocentes.
E,
para variar um pouco, um assunto dessa grandeza é solenemente
ignorado pela "grande" imprensa.
E
não é por incompetência, é por má fé, mesmo. Protegem aqueles
que deveriam expor. E com sua conveniente omissão, prejudicam
aqueles que tinham que contar com a mídia. Enquanto isso, nos
prinicpais telejornais, fala-se apenas sobre o tempo nos EUA, afinal
é um assunto bem mais "relevante".
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