Se a
palavra “tapetão” sempre foi usual no jargão futebolístico
nacional, ao menos ela estava ausente dos noticiários, já há algum
tempo.
Muito
pela necessidade mercadológica, o esporte preferido dos brasileiros
apresentara evolução, desde 2003 ao adotar a fórmula dos pontos
corridos. Talvez o último grande centro esportivo a adotar o padrão.
Mesmo contra a opinião de alguns cartolas e, certamente, contrário
à visão da emissora mandatária do país –ao menos a famiglia
Marinho pensa assim.
Isso
dificultaria a vida daqueles
acostumados com a legitimidade do erro. E por estas bandas sempre foi
uma coisa comum. Isso somado ao fato que a criação do Estatuto do Torcedor permitia uma visão mais profissional do futebol, acostumado a ser tratado como várzea, em pleno século XXI.
Em
1998, o Fluminense disputou a Segundona, mas acabou novamente
rebaixado, desta vez para a Série C. Em 1999, a equipe foi campeã
da Terceirona, mas saltou direto para a Série A na Copa João
Havelange, em 2000, quando o caso Sandro Hiroshi bagunçou o futebol
nacional.Em 2006 foi a vez do Corinthians e o Atlético-PR se
envolverem em esquemas. Dirigentes de ambos os clubes foram pegos em
escutas autorizadas pela justiça.
Em
2005, a Máfia do Apito nos mostrava o maior caso de manipulação de
resultados da história. Um grupo de investidores havia “negociado”
com o árbitro Edílson Pereira de Carvalho (integrante do quadro da
FIFA), para garantir resultados em que haviam apostado em sites.
Descobriu-se a participação de um segundo árbitro no esquema,
Paulo José Danelon. Ambos, Paulo José e Edílson, foram banidos do
futebol e, depois, denunciados pelo Ministério Público por
estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
Bom,
em 2013 parece que a normalidade se perdeu no campo, mais uma vez. A
Portuguesa, ao escalar um jogador irregular, com a anuência da Dona
CBF foi a maior prejudicada; e, conseguinte, o Fluminense, virtual
rebaixado, quem se deu bem na história, que está longe de acabar.
Com o envolvimento do Ministério Público, as coisas tendem a se
tornar mais vergonhosas, há poucos meses de se realizar a Copa do
Mundo.
Em
um ano em que, praticamente tudo deu errado, o melancólico final do
Brasileirão é apenas o retrato escancarado de um produto, outrora
rentável, mas que vem sendo dilapidado por cartolas incompetentes e
gananciosos e de uma emissora de TV que ajudou a desgastar o esporte.
Eis alguns exemplos:
COPA
DO MUNDO
A
corrupção e o superfaturamento correram soltos, desde o início das
obras para a competição.
Com
o agravantes das mortes nos estádios do Corinthians e da Arena
Manaus. Na ESPN: o Ministério Público constatou que
somente 63 das 64 obrigações relacionadas a normas de proteção ao
trabalhador foram ignoradas pela construtora Andrade Gutierrez nas
obras do estádio de Manaus. No último fim de semana, um operário
morreu ao cair de uma altura de 35 metros - trabalhava na cobertura
do campo. O elefante branco amazonense custará mais de R$ 600
milhões.
SUSPEITA
DE ARRANJO EM JOGOS
O
flagra do jogador cruzeirense Júlio Batista avisando para o jogador
Cris do Vasco para “fazer mais um”,
era um sinal claro de que havia algo de podre no reino da Dinamarca.
BRIGA
ENTRE TORCIDAS ORGANIZADAS
Não
de hoje o problema, mas a incompetência com que se lida com a questão
é assombrosa. E em mais um caso de selvageria, o jogo entre Vasco e
Atlético-PR foi a despedida patética do campeonato. Resultado: três
“torcedores” em estado grave nos hospital um em estado de coma.
Lembrando que os marginais das uniformizadas já haviam protagonizado
um 'espetáculo dantesco', na Bolívia, ao matarem um garoto local
com o lançamento de um sinalizador. Pior que isso, só a imprensa
nacional tomar partido dos criminosos, que ficaram detidos na
Bolívia. Lá não é como cá. E no exterior, a imagem da sede da Copa 2014 continua se deteriorando.
MUNDIAL
DE CLUBES
Em
situações normais, um time brasileiro ser derrotado por um que não
seja europeu, é zebra. O problema que já não é mais exceção. O
Raja Casablanca repetiu o Mazembe contra o Internacional e despachou
de forma humilhante o Atlético-MG. A “síndrome de vira-latas”
faz com que os clubes nacionais, ao ganhar a Libertadores apenas e
tão somente pensem no Mundial em dezembro, como se isso fosse a redenção: derrotar o primo rico. Os clubes da Europa só
pensam nisso poucos dias antes da competição. Uma necessidade
tremenda de autoafirmação por parte dos times tupiniquins.
A PARCERIA COM A TV
A Globo sempre fez de tudo para manter o monopólio das transmissões esportivas. Denúncias de coerção e outros tipos de pressão contra os clubes para manter a "fidelidade" sempre foram comuns. E mesmo com todo o esforço, o futebol tem apresentado flagrante declínio em audiência, seja aos domingos, seja durante a semana. Horários absurdos (22 horas), excesso de partidas são alguns dos motivos para tal fenômeno.
DÍVIDAS
COM A UNIÃO
Na
Folha: "O deputado Vicente Cândido (PT-SP) e o presidente
da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), levaram ao ministro do Esporte,
Aldo Rebelo, o projeto de lei para acabar com as dívidas fiscais dos
clubes (seja com o Fisco e seja as ações trabalhistas), é o que informa a coluna Painel FC, da Folha de S.Paulo.
Junto ao texto, foi entregue a Rebelo um abaixo-assinado com mais de
100 assinaturas de presidentes de clubes pleiteando a aprovação". E,
acreditem, há muita chance de isso ser aprovado pela presidente
Dilma. Enquanto os trouxas Brasil afora continuam a pagar impostos.
Com
tudo isso, fica a dúvida sobre o futuro do esporte mais popular do
país, que já viveu dias melhores, dentro e fora das 4 linhas. E se acontecer nada menos do que o título da seleção brasileira no mundial em 2014, a crise tende a se agravar. Talvez seja exatamente isso que falte: um choque de realidade para a nação entender que nem dentro de campo e muito menos fora dele, as coisas são como antigamente. Nem de longe...
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