segunda-feira, 14 de abril de 2014

POBRE FUTEBOL BRASILEIRO...




Escândalos, decadência, perda da hegemonia no cenário mundial...Estas são algumas das mazelas que assombram o ex pais do futebol.

Acostumados a contar vantagem sobre a supremacia da seleção canarinho (a única coisa em que o brasileiro era bom), agora os torcedores fanáticos são obrigados a acompanhar a evolução dos adversários –ou o declínio do nosso.



A recente eliminação precoce de três times brasileiros na Taça Libertadores escancarou de vez a decadência plena. Onde já se viu um time mexicano vir ao “maior estádio do mundo”, jogar um futebol bonito e consistente e eliminar o todo poderoso Flamengo? Pois é. Fatos iguais a esses vem acontecendo com mais frequência do que se gostaria de admitir.


Com três eliminados, brasileiros dão vexame histórico na Libertadores


Desde 2002 que a seleção não ganha um título –e mesmo aquela conquista teve ajudinha da arbitragem nas partidas contra a Bélgica e Turquia; inclusive com pênaltis arranjados. Assim como a classificação suada para as Eliminatórias do mesmo torneio, onde incluíram uma combalida Venezuela no caminho do Brasil poder se qualificar, jogando em casa.

Após a vexatória eliminação para a França de Zidane, em 2006, a posição na tabela da Fifa foi ladeira abaixo. Chegando a figurar o time brasileiro fora dos 15 primeiros da lista. 

A recusa do brasileiro, naturalizado espanhol Diego Costa, em vestir a camisa da seleção é apenas mais um sinal que há algo estranho no ar. Quando um jogador recusaria vestir a camisa canarinho, em detrimento a outra? 

Resta a Copa, sendo realizada em solo nacional, para tentar, quem sabe um novo triunfo. Mas não será fácil. Não só pela pressão intensa por jogar em casa, mas também porque boa parte dos atletas do Brasil enfrentam momentos ruins em seus respectivos clubes. Paulinho, Júlio César e os zagueiros titulares.



Todas as fichas estão no dublê de craque Neymar. Sem se firmar no Barcelona, o camisa 10 de Felipão será o principal atleta no torneio. Dará conta da enorme pressão?

Além da seleção estar em xeque, os clubes brasileiros passam por um momento difícil. Os chamados grandes perderam a grandeza, sendo ofuscados pelos times menores e sem o mesmo poderio econômico. Os Campeonatos Estaduais denigrem o já combalido esporte bretão. Torneios em que pouco se salva. Servem como meras pré-temporadas, se tanto.

Em São Paulo, os “pequenos" fizeram a festa. Penapolense, Botafogo e o campeão Ituano foram o destaque do torneio. O trio de ferro naufragou, Santos derrotado na final, em casa. Nada mais diz “incompetência” do que isso. E não foram os times do interior que melhoraram; foram os integrantes do Clube dos Treze que pioraram.


Zebra gigante: Ituano bate Santos nos pênaltis e é campeão paulista


Clubes tem mais dinheiro da Televisão, mas gastam mal. Repatriaram jogadores caros, que consomem muito e produzem pouco. Um Ronaldinho Gaúcho, com salário superior a um milhão por mês, é um contrassenso. Lembrando que praticamente todos os times devem à Receita Federal, ao INSS (não recolhem os encargos há muito tempo) e direitos trabalhistas. E, em vez de se cobrá-los na justiça, o governo criou a TimeMania, para beneficiar os sonegadores. Coisas de Brasil.

Em anos recentes pode-se dizer que o número de torcedores caiu e muito. Em algumas partidas havia parcas dezenas de testemunhas. Um acinte para um futebol tão vitorioso e poderoso.

A audiência também já não é mais a mesma. A emissora oficial pena para obter míseros 13 pontos de Ibope, sendo que em épocas não tão longínquas, os patamares eram de 38 pra cima. É a mesma que subjuga os times e os escraviza com eternos adiantamentos de cotas televisivas, fazendo com que os mesmos fiquem presos, como devedores a um agiota ordinário. 

Houve também nos últimos anos, um número alto de jogadores estrangeiros desembarcando pelas terras tupiniquins. Reflexo da baixa qualidade técnica dos brazucas, outrora bons de bola.



Icasa consegue liminar para jogar a Série A e fala até em 'força policial' para parar o campeonato



O tapetão é algo recorrente no combalido futebol tupiniquim. A máfia do apito, que acabou ajudando o Corinthians a se sagrar campeão em 2005 não foi o primeiro escândalo, nem será o último. E o jogo de cartas marcadas do pseudo tribunal esportivo (STJD) não fica atrás. A última foi a manutenção do Fluminense na 1ª divisão do campeonato brasileiro, em detrimento da Portuguesa, com muito menos influência na CBF. 



Os casos de racismo aumentaram sensivelmente nos campos de futebol. Jogadores (Tinga, Arouca e Marino) e até árbitros sendo insultados e humilhados são fatos que mancham a imagem de um esporte praticado em um país de maioria composta por pretos e pardos. Com os olhos complacentes de cartolas e da própria CBF.


Episódio de racismo durante jogo pode excluir Paraná da Copa do Brasil


A violência se banalizou a tal ponto, que pouco chama atenção da mídia. Cerco a jogadores, invasão de centros de treinamento, agressões e tentativas de assassinatos contra atletas e integrantes de comissão técnica viraram triviais. Sem mencionar as constantes brigas das uniformizadas, muitas vezes entre integrantes da mesma torcida.

Nível técnico baixo das partidas, arbitragens desastrosas, campos parecendo pasto (excetuando-se as novas Arenas), campeonatos inchados (para agradar presidentes de clubes que apoiam os manda-chuvas das federações estaduais) e pouco senso crítico da crônica esportiva. Ah, a crônica esportiva...

Um amontoado de pelegos (há exceções, é claro), chapas brancas, condicionados apenas a enaltecer as coisas positivas e esquecer, convenientemente, o que está acontecendo de errado Brasil afora. Os “pachecos” (alusão a um antigo mascote televisivo da seleção) abandonam o investigativo para ficar com o bajulador. Apenas por aqui que jornalista chama técnico, durante as coletivas de imprensa de “professor”, um claro sinal de há muitos profissionais “cordatos” nas redações. As ligações perigosas com presidentes e federações (CBF, principalmente) é meramente um jogo de aparências. Fazem isso para conseguir a exclusividade nas transmissões esportivas ou pegarem carona nos chamados “voos da alegria”. São pessoas que, metaforicamente, 'matariam os pais para ir ao baile dos órfãos'. E essa relação perversa vem de longa data.

O distinto leitor pagaria a bagatela de 120 reais para assistir o seu time do coração jogar? Bom, muitos pagariam, mas a questão é que, além do valor surreal para os padrões brasileiros, há o fato incontestável de um time jogar até três vezes em um período de 10 dias. Já imaginou? Seriam 360 reais, quase metade de um salário-mínimo; além do transporte, da alimentação, do estacionamento...No frigir dos ovos, passaria de 500 reais.



E vem a Copa. Obras superfaturadas, dinheiro público (em sua maioria), desviados de educação, saúde, saneamento básico para realizar um evento esportivo. Para os que ainda tem dúvidas sobre o custo-benefício do evento é só pesar os fatos. De um lado, a CBF, as empreiteiras, a Fifa, políticos e o Ministério dos Esportes. Do outro, a nação sofrida, desvalida, sustentando o banquete dos outros.


Auditoria indica superfaturamento de R$ 10,7 milhões nos custos do estádio de Brasília



Praticamente tudo o que foi prometido na época da então candidatura brasileira para a Copa, não foi cumprido. O “legado” pouco será sentido, e mesmo assim, apenas depois de meses após a final do torneio; os aeroportos não ficarão prontos a tempo, assim como as vias de acesso, nem o entorno dos estádios. Todos serão entregues às vésperas do evento, irritando Joseph Blatter e cia.

Protestos não serão tolerados, apenas a maior devoção de corpo e alma, a aceitação cega.

De salutar, mesmo, apenas a chegada do Bom Senso FC, com jogadores experientes e com voz ativa em seus clubes, que se juntaram para tentar mudar esse estado de coisas. Lógico que a Confederação Brasileira de Futebol é plenamente contra, assim como a Globo. 

O esporte vitorioso está em franca decadência. O 'status quo' do futebol parece imutável. O mesmo monopólio impera nas transmissões de times e da seleção. A Copa vai ajudar a mascarar a situação do país, como o bom e velho ópio do povo. 

Mas para muitos que vivem em plena letargia, isso pouco incomoda. Desde que a seleção seja campeã...



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