segunda-feira, 16 de março de 2015

UM CONTO SOBRE DUAS CIDADES




Um país dividido entre lados completamente opostos. Uns se escondem atrás da negação (“não, não há escândalos; não, isso é golpe”), e outros se deixam levar pela correnteza direitista que assola a nação.


                                            (sério?)

Separados, estes lados chegaram ao fim de semana expondo suas diferenças e argumentos, muitas vezes ininteligíveis.


                         ("manifestação" pacífica de algumas pessoas)

Alheios ao bom senso e recorrendo a frases feitas em redações de revistas semanais, a trupe do impeachment foi às ruas do Brasil pedir a saída da presidente Dilma. Negando-se a acreditar no envolvimento do PT na Operação Lava Jato, os movimentos sociais e as centrais sindicais tentaram demarcar território na sexta (13/03), alegando estarem “em defesa da Petrobras”.


                           (dizer o que de uma temeridade dessas...)

As mais variadas justificativas foram usadas para irem às manifestações: de contra o golpismo e a manipulação da mídia, até a corrupção absurda e a impunidade. Ambos estão certos, e ambos estão igualmente errados.

                         (protesto com um cartaz contendo uma suástica nazista)

Como tornar válido o preceito de que devemos defender um patrimônio nacional (a estatal do petróleo) se somos lenientes com a bandalheira? Uma coisa não pode ser excludente da outra. Não há a mínima chance de que o Partido dos Trabalhadores não participasse do esquema de corrupção exposto pelo doleiro Alberto Youssef, dentro da Petrobrás. Não é a primeira vez que o PT está envolvido em suspeitas. Seria infantilidade achar que sempre é obra do golpismo da mídia. Talvez seus integrantes devessem agir com ética, ao invés de culpar a Globo e a Veja.


                                       (anencéfalos no protesto)

A Petrobras, que é referência mundial no segmento é sim, alvo de predadores de Wall Street e de empresas ligadas a OPEP. Inclusive o governo sem escrúpulos de Barack Obama, notório incentivador de guerras pelo “ouro negro”. Portanto devemos nos preocupar com os estilhaços dessa guerrinha pretensamente ideológica que pode comprometer até a soberania nacional em um setor tremendamente estratégico. Mas não evitando uma profunda investigação.


                               (A eterna mania do brasileiro de ser capacho)

Como levar a sério protestos contra Dilma e seu PT, quando os mesmos setores que pedem sua saída estão de conluio com políticos, também citados na mesma Lava Jato e em outros escândalos, fazendo um silêncio ensurdecedor ao ignorar os desmandos do principal partido de oposição (PSDB), afundado em problemas, desde o trensalão, até as supostas contas na Suíça (o Swissleaks)? Cidadãos que estão sendo municiados por uma imprensa corrompida por anos de descalabros e monopólio midiático, também foram induzidos a irem às manifestações cobrarem algo que jornais, revistas e emissoras de TV não têm. Novamente, o envolvimento de barões da mídia nas contas do HSBC prova o tamanho da contradição destas pessoas.

                           (Aécio acompanhando os protestos de sua casa)

Os tucanos não foram vistos nos protestos –ao menos o nome forte do partido preferiu ficar em casa –os atores e pseudocelebridades globais, alguns com pouca ou nenhuma moral para cobrar dos outros o que não praticam, preferiram ficar em casa, salvo por meia dúzia de gatos pingados.


                           (coincidência? Não. A direita não deixa nada ao acaso)

A adesão foi grande em SP, conhecida nacionalmente como a capital nacional do conservadorismo. Um título depreciativo, pra quem já lutou por dias melhores na história. A pior emissora brasileira de todos os tempos, a Globo e seu exército de fantoches, apostou todas as suas fichas no comparecimento dos paulistas, mas em especial dos PAULISTANOS. A avenida símbolo da cidade ficou completamente cheia; se não um milhão tão propalado pela Globonews, ao menos uns 400 mil participantes estiveram lá.

                           (Manifestações em Brasília)

Sair às ruas e pedir a saída de um governante, é do jogo. Com Collor foi mais ou menos assim. Com FHC e Lula, não. Talvez porque a governabilidade e a blindagem deles eram melhores. À Dilma Rouseff carece de jogo de cintura no desenvolvimento de sua gestão.  


                                     (Gente "de bem" protestando)

Os petistas têm seus escândalos; os tucanos, também. O PT tem gente simpáticas a eles no STF (Dias Tóffoli), mas o PSDB, idem –Gilmar Mendes. A Petrobras está atolada em desvios de dinheiro; mas isso começou ainda nos anos 90 e foi aprimorado agora, que a empresa é maior, portanto mais atrativa e rentável. Ambos partidos erraram, mas também acertaram. Já existia Brasil antes deles e continuará após suas respectivas administrações.






Aqui não é a causa de se brigar, provocar cisão entre pobres e ricos, pretos e brancos, petistas e tucanos. O PAÍS É O MESMO. E a filosofia do “quanto pior, melhor”, iniciada pelo PT, nos ano 90, mas usada agora pelo PSDB é uma cilada; uma arapuca armada pelos politiqueiros brazucas, a fim de se perpetuar no governo (a balela do ‘projeto de poder’). Eles não querem o bem coletivo, querem o deles e de suas famílias. Só. Eles não desejam que a nação evolua gradativamente; querem manter-nos no acostamento, para que eles possam permanecer em altíssima velocidade. Educação, saúde, saneamento básico, segurança, quesitos tão necessários a nossa vida são relegados a segundo plano. Entenda-se como O MAIS TARDE POSSÍVEL. 



É por essa gente que as pessoas tem se digladiado nas redes sociais, praticando bullyng e partindo pra ofensas pessoais? Sério? É por gente desse gabarito que muitos partem para violência nas ruas, uns contra os outros, sem respeitar a opinião divergente? E eles, nesse meio termo estão em suas casas enormes, vivendo com seus polpudos salários, bancados por nós e esperando as próximas eleições.


                             (Marcha pela democracia de faixa com a suástica nazista?)

Exigir, se revoltar, se fazer ouvir é algo perfeitamente normal em uma democracia. Mas talvez o que falte às milhares de pessoas que foram às ruas nesse fim de semana (pró ou contra o governo) é saber exatamente o que os move. Pedir volta de regime militar é de uma ignorância atroz. Pregar golpe, também. Ignorar escândalos de corrupção é pior ainda.


                            (investigado pela Lava Jato, Agripino Maia esteve no protesto                                                                             pedindo o "fim da corrupção")



O PT não é o partido que defende e representa os pobres e o PSDB não é a salvação da lavoura nacional. Esses estereótipos banalizam a discussão política e empobrece a democracia. 



Brasileiros serem usados meramente como peças de tabuleiros em um jogo sujo chamado política é humilhante. Enquanto muitos vociferam contra o governo ou em favor de estatais, políticos estão no melhor estilo “A REVOLUÇÃO DOS BICHOS”: na casa grande, enquanto a patuleia dorme no celeiro.

O que está em jogo aqui é mais do que a briga de dois lados pra ver quem grita mais alto. Mas pelo fortalecimento de uma nação que há pouco mais de 30 anos saía de um regime brutal e sanguinolento e agora caminha com passos de bebê em direção a dias melhores. Mas isso será possível apenas se os que bradam palavras de ordem e refrãos sem lógica entenderem qual é o papel que lhes cabe nesse tabuleiro.




Com certeza não é de sair às ruas com a camisa da CBF, tirando fotos com Bolsonaro, pedir intervenção militar ou apertando a mão de José Agripino Maia do DEM (também investigado pelo Lava Jato) que teremos o que nos é de direito. Protestar sim; ser manipulados NUNCA. A não ser para aqueles que já estão acostumados a ser bucha de canhão. Aí é diferente.



                                  (Mulher tira a roupa pedindo a ditadura)






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