E no princípio havia craques. E com eles o show de bola e a
paixão que movia, principalmente quem vivia dele. Bons tempos...
Nesse período, os brazucas mostraram seu valor e
conquistaram três títulos mundiais. Não conquistaram em 66, porque implementaram bagunça generalizada.
Felizmente, aprenderam a lição e o Tri veio em 70.
Depois de um período sem títulos veio a “era Telê”, pra nos
colocar de volta no caminho do espetáculo, que tanto nos notabilizaram mundo afora.
Mas o retumbante fracasso em 82 (e até em 86, com a mesma geração já
envelhecida), os fundamentalista do futebol bradaram aos 4 cantos que as coisas
tinham que mudar. E mudaram. "Espetáculo, o cacete! Agora é futebol de resultados!". O pior é que isso contagiou...
Em 1990, Lazaroni afundou a imagem da seleção canarinho. Em 1994
era tudo ou nada.
Havia 24 anos que o Brasil (na verdade a seleção brasileira;
pátria e futebol pouco ou nada tem a ver) sequer chegava a uma final de Copa do
mundo. Era também o último mandato do infame João Havelange à frente da poderosa FIFA.
Ele não podia passar o bastão sem ao menos ter em seu currículo um título do
time de seu país. Não importava a que preço.
O fato de Maradona ser arrastado por uma enfermeira, em pleno gramado, para um exame antidoping, pareceu suspeito. Apesar do histórico do jogador argentino, todos sabiam do sacrifício dele para ajudar a sua seleção a se classificar para a Copa dos EUA. Se arriscar com mero ‘desentupidor nasal’ seria idiotice. A Fifa empurrou a história do doping de Dieguito e os lacaios da imprensa mundial compraram a ideia. Resultado: o único time que poderia fazer frente ao Brasil, perdia seu melhor jogador e, conseguinte, sua moral. O abalo foi imenso. O resto é história. Com o futebol pragmático e sofrível de Parreira e Zagallo veio a taça, mas o gosto amargo de um futebol ruim não desaparecia.
(época incomparável do futebol nacional)
O fato de Maradona ser arrastado por uma enfermeira, em pleno gramado, para um exame antidoping, pareceu suspeito. Apesar do histórico do jogador argentino, todos sabiam do sacrifício dele para ajudar a sua seleção a se classificar para a Copa dos EUA. Se arriscar com mero ‘desentupidor nasal’ seria idiotice. A Fifa empurrou a história do doping de Dieguito e os lacaios da imprensa mundial compraram a ideia. Resultado: o único time que poderia fazer frente ao Brasil, perdia seu melhor jogador e, conseguinte, sua moral. O abalo foi imenso. O resto é história. Com o futebol pragmático e sofrível de Parreira e Zagallo veio a taça, mas o gosto amargo de um futebol ruim não desaparecia.
(época incomparável do futebol nacional)
Em 1998 mais um dose de futebol previsível e sem talento
dava as caras na França. Felizmente, a seleção da casa se sagrou campeã,
goleando os canarinhos. Vieram as cobranças por mudanças e tirar lições da
derrota. Mas não se tirou lição alguma.
O ano de 2002 veio com a insólita Copa em dois países e em
horário ingrato para o Ocidente. Mesmo
assim, muitos babões passaram as madrugadas em claro para ver a ‘família Felipão’
mostrar seu valor. Como sempre, dificuldades contra algumas seleções e a
costumeira ajuda da arbitragem para que a equipe mais rentável e que desperta
maior interesse nos mundiais, passasse de fases. Primeiro contra a Turquia, num
escandaloso pênalti para o time de Luiz Felipe Scolari; na fase de mata-mata a Bélgica foi a vítima da vez, com gol mal anulado. Resultado: Brasil, ainda que
pouco convincente, campeão contra a Alemanha. Ao menos os germânicos aprenderam
com essa derrota. Em tempo: melhor jogador brasileiro do mundial foi o goleiro Marcos; isso era para acender a luz vermelha para os nossos cartolas. Ledo engano...
Em 2006, na própria Alemanha, os brasileiros provaram do
gosto amargo da eliminação precoce frente a seu algoz costumeiro, a França do
gênio Zidane.
Já em 2010, a virada que a seleção de Dunga tomou dos
holandeses (antigos fregueses da seleção brasileira) derrubou o técnico. Mas
nem em 2006, nem em 2010, providências foram postas em práticas.
Copa do Mundo de 2014, no Brasil. A maior humilhação de
todos os tempos que a outrora seleção campeão, que encantava e produzia craques
a granel sofreu. Tudo errado. Sem técnica, sem táticas, sem craques (Neymar
ainda está em formação) e sem equilíbrio emocional (o time mais chorão de todos
os tempos), o que vimos foi a vitória do time que, em 2002 APRENDEU A LIÇÃO. A
derrota que os alemães sofreram, os obrigaram a mudar, mas desde a base,
até Bundesliga (rentável campeonato ),
com resultados fantásticos.
Mas por que por estas bandas as coisas não mudam, mesmo
quando a maior paixão dos brasileiros é também a maior decepção?
Brasil, 2015. Começa mais uma temporada de estaduais, que
dão mais prejuízos aos clubes, mas que são a alegria das federações locais —e da
emissora que comanda o futebol tupiniquim com mão de ferro. O Estatuto do torcedor não é posto em
prática, os campos (excetuando-se as
Arenas) são verdadeiros pastos, clubes estão com dívidas trabalhistas
até o pescoço, a Receita Federal e o INSS estão sempre às portas dos clubes,
sabidamente os piores pagadores e maiores sonegadores da nação –e a goleada de
2014, já caiu no esquecimento. Até as campanhas pífias de outras Copas estão no
limbo. O que vale é o momento. Talvez essa amnésia explique a volta do
indefectível Dunga, com sua empáfia costumeira. É a mudança para não mudar coisa alguma. O establishment agradece.
Mas a grande questão é: se o brasileiro, que detesta política
e idolatra futebol, não luta por melhorias nem por sua paixão alienante, vai
lutar pelo o quê, afinal de contas?
Pelo andar da carruagem, daqui a pouco tempo, não haverá mais pelo o
que lutar.
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