Eu espero que o pessoal em Alagoas pare de votar em Renan
Calheiros e Fernando Collor;
Eu realmente espero que o pessoal no Maranhão pare de votar na
Roseanne Sarney;
Espero que o pessoal em São paulo não vote nunca mais em gente
igual ao Maluf, Frank Aguiar e Geraldo Alckmin. Principalmente o
Alckmin;
Torço muito para que a galera no Rio de Janeiro jamais reeleja
gente da estirpe de Sérgio Cabral e Eduardo Paes;
Gostaria imensamente que o povo do Amapá parasse de votar no José
Sarney;
Também pediria que os baianos nunca mais elegessem Antônio
Carlos Magalhães Neto;
Que o povo do Distrito Federal ignorasse para sempre gente igual
ao Agnelo Queiroz. Mas que, nem por isso, tivesse que ressuscitar o
Joaquim Roriz ou José Arruda;
Adoraria que os catarinenses aposentassem de vez qualquer um da
família de Jorge Bornhausen;
Que se evitasse escolher “candidatos” conhecidos que usam a
fama para concorrer a um cargo eletivo. Está provado que
celebridades só enchem o saco;
Eu rogo para que os eleitores com dificuldades de compreensão
esquecessem de Marco Feliciano, Jair Bolsonaro, Eduardo Cunha e
tantos fascistas que insistem em trazer a era medieval para o século
XXI;
Adoraria que os eleitores de primeira viagem pensassem muito antes
de votar em alguém que sequer pesquisaram a respeito;
Gostaria que aqueles indivíduos que comparecem às seções
eleitorais com má vontade, se dispusessem a pensar que o voto pode
mudar o estado de coisas em que se vive;
Que os rabugentos de plantão que insistem em anular o voto, por
birra ou desconhecimento de causa, entendessem que se a coisa está
ruim, pode piorar. E não é se omitindo que o 'status quo' mudará,
milagrosamente;
E que, acima de tudo, valorizassem a possibilidade de poder
escolher seus candidatos, livremente (é, eu sei que o voto é
obrigatório), lembrando que houve uma geração anterior a nossa,
que deu a vida para que pudéssemos ter a opção de votar em A ou B;
portanto, seria uma ingratidão imensa com tantos que viveram em uma
época em que votar era proibido.
Se temos a possibilidade de escolher quem irá nos governar ou
legislar em nosso nome, devemos fazê-lo com sabedoria. Esbravejar
aos quatro cantos como uma criança mimada, que não tem quem
escolher nas eleições, soa como escárnio. Basta o brasileiro ter a
mesma disposição que tem com o futebol.
Talvez fôssemos Pentacampeões, também na política.
TEXTO DE DEBORA CATTANI.
Gaza: coexistência não é prática do estado de Israel
´Coexista´: em texto, jornalista judia comenta o holocausto
cometido contra palestinos. 11 de julho - 19:48 Coexista Por Deborah
Cattani*, para o Entrefatos Sou judia, mas não de ventre judeu. A
expressão pode soar absurda, mas para quem cresceu em comunidade
judaica é natural. O verdadeiro judeu, para os radicais, é o que
nasce de ventre judeu. Minha mãe se converteu quando eu tinha sete
anos. Estudei seis em colégio israelita, sofri bullying por causa
disso, no entanto, continuei judia.
Já morei em Israel, duas vezes. A primeira foi na
infância, entre 1993 e 1995. Uma das piores épocas do terrorismo.
Não me lembro de nenhum atentado, salvo ver minha mãe atônita na
frente da televisão ao saber da morte Yitzhak Rabin, pouco depois da
nossa volta ao Brasil. Tudo bem, eu tinha seis anos na época. Mas eu
sempre fui politizada, talvez por ter pais intelectuais, talvez por
interesse próprio. Ser questionadora não é fácil, você engole
muito sapo pelo caminho. Aos 14 anos voltei para Israel. Sozinha.
Morei a 15 minutos da Faixa de Gaza, num kibutz chamado Or Haner. Se
você procurar no mapa, vê que é bem pertinho. O Google não
consegue mostrar o trajeto entre eles, acho que porque Gaza é
sitiada. Dessa vez fiquei pouco tempo, cinco meses. Fui para a escola
como uma judia qualquer, tive aulas, ajudei no kibutz, andei pelas
festas e passeei por cidades próximas. Israel é um país pequeno,
cabe 35 vezes no Rio Grande do Sul, Estado em que moro atualmente.
Apesar disso, é país de primeiro mundo, lindo, limpo, bem cuidado,
único pedaço de terra com lençóis freáticos em todo o Oriente
Médio. Voltei por inúmeras razões, decepção foi uma delas. Mesmo
assim, cresci boa parte da vida no Brasil, distante do conflito. Tive
uma educação judaica até os 15 anos, quando começou minha
decepção diante da religião.
Vou fazer um parêntese aqui: não
sou antissemita. Acredito que o Estado de Israel possa existir, mas
como estado laico, sem fechar fronteiras diante de preconceitos
religiosos, ou seja, não sou antissionista. Para entrar no país,
você passa por um longo processo, MESMO tendo passaporte israelense.
Sou filha de professora e obviamente, como jornalista e mestre em
comunicação social, não me tornei alienada. Não consigo entender
essa guerra, que é tão próxima e tão irreal. O que exatamente os
não-judeus nos fizeram para termos tanto ódio? Chamo assim, pois o
estado de Israel é um estado JUDEU e não aceita outras religiões,
salvo em Jerusalém, que pasmem, é uma cidade laica. Não são só
muçulmanos que estão morrendo. Aliás, os árabes não têm uma
única religião, existem árabes católicos, ateus e até mesmo
judeus.
O que o Estado de Israel está fazendo é desumano. Mais
desumano que o holocausto, mais duradouro que o holocausto, e de
forma mais pertinente pode ser chamado de holocausto, pois hoje em
dia todo o mundo pode ver com os próprios olhos e MESMO assim,
poucos reagem. Óbvio que a guerra tem dois lados e muitos judeus
morrem também. Mas a proporção é absurda. A cada bomba lançada
sobre Israel, 30 são devolvidas para Gaza. Dizem que três
adolescentes judeus morreram… E as 14 CRIANÇAS que perderam a
chance de ter uma vida longa em Gaza? O que é Gaza, você deve estar
se perguntando… Eu vi com meus próprios olhos. Não, não é uma
favela, mas se você, brasileiro, já viu um conjunto habitacional
(moradia popular), é isso. Imagina você ser tirado do conforto da
sua casa, do seu emprego, dos seus pertences e ser jogado num quarto
com mais oito pessoas e viver no medo iminente de um ataque, sem
poder sair deste lugar, pois o seu passaporte está para sempre
condenado. Isso é o que os judeus fizeram em 1948. Isso é o que eu
aprendi porque eu abri meus olhos.
Nas aulas de cultura judaica na
escola eu só ouvia como somos, nós judeus, vítimas do mundo,
vítimas do nazismo, do terrorismo e, por isso, temos o direito de
fazer pior. Tenho muitos amigos judeus, mas cada vez tenho menos.
Cada vez que um deles posta um heil Israel no Facebook ou qualquer
coisa dizendo “matem os árabes”, eu tenho um amigo a menos. Se
vocês já assistiram o filme A Onda, é EXATAMENTE isso que o
governo israelense faz com seus jovens. Já tive treinamento militar
israelense, sei como funciona toda a lavagem cerebral e até entendo
porque funciona, afinal, somos pobres vítimas. Tenho vergonha de
dizer que sou judia em locais públicos. Tenho vergonha do meu
passaporte israelense e tenho vergonha dessa cidadania. Fugi desse
país, apesar de amar aquela terra. Prefiro dizer que sou brasileira
e, neste momento em que todo mundo está com vergonha do Brasil por
causa de futebol, eu nunca me senti tão bem em ser brasileira.
Enquanto os outros velam a Copa do Mundo, eu levanto a minha bandeira
de “eu não pertenço a Israel”. Eu espero que a mídia faça um
trabalho melhor deste dia em diante. Chega de apoiar um estado que
não é nosso e sim de TODOS. Estamos no século XXI e não na idade
média, aprendemos a dividir, logo, chega de conquistar. A maior
conquista é a boa coexistência.
Agradeço a Luiz Felipe Scolari pela bagunça que ele instituiu na
Copa, chamada de “seleção brasileira”.
Agradeço ao sistema tático inexistente e das tentativas
frustradas de David Luiz em fazer as vezes de Gérson e tentar ligar
a defesa ao ataque (em suma, procurando Neymar) e quase nunca
conseguindo.
Grato à comissão técnica pelas desculpas esfarrapadas que fazem
com que comediantes corem de inveja, tamanho absurdo.
Valeu pelas entrevistas coletivas e suas respostas deselegantes,
mesmo para aqueles que costumam beijar sua mão Felipão.
Adorei as bagunças na defesa (!), meio de campo(!!) e
ataque(!!!). Os irmãos Marxs, ícones do humor de Hollywood nos anos
20 e 30 se orgulhariam de ver que suas técnicas foram copiadas pelos jogadores brasileiros.
Muito agradecido ao Neymar, pelo “migué” que o tirou da
partida contra a Alemanha –pra quem sofreu uma fratura em uma
vértebra, ele estava lépido ao descer do ônibus, carregar mochila
nas costas e se sentar no banco de reservas.
Satisfações à CBF pelo sumiço nas derrotas.
Saudações aos jornalistas esportivos que puxaram o saco do
Felipão.
Nota 10 para os jogadores pelo empenho em campo – ironia, viu
gente?
Parabéns à comissão técnica que nunca admitiu o fracasso.
A todos os bobões que torceram, choraram, se desesperaram,
levaram o evento esportivo a sério, muitas considerações.
Todos estes acontecimentos me proporcionaram muitas risadas. Eu e
tantos outros que sabiam do engodo que seria a Copa, o uso político
que dela seria feito, da manipulação por parte da imprensa
corrompida, pela massificação em torno de um ideal falso –a
pátria de chuteiras – e da maneira ridícula que cobririam o dia a
dia da seleção brasileira.
Ri muito. Continuo rindo até agora, ao ver um time que, outrora
ostentou a pose de “maior do mundo”, e que vê hoje sua reputação
ser menosprezada por todos os times do planeta.
Acho divertido ver o quanto as pessoas se preocupam com esse
declínio de um mero time de futebol; talvez por saberem o quanto isso
simboliza para um povo (ou parte dele) e por entender que muitos acham
que jogar bola é a única primazia dos brasileiros. Sem isso, não
há mais nada que os credenciem como bons em algo.
Isso, em si, já é patético. O jeito é rir, enquanto muitos
alienados choram – sem saber exatamente o porque.