Os desmandos
da mídia tupiniquim, aliados aos escândalos dos políticos não são propriamente
uma novidade. Antes de operações como a Lava-Jato, Zelotes e Suiçaleaks havia
coisas que denegriam, tanto os barões da imprensa, quanto os integrantes do
Executivo e Legislativo. O problema é que as coisas ficaram bem mais graves
recentemente.
Em 1989
tivemos a eleição mais acirrada da história. Até mais do que a de 2014. Naquele
momento, boa parte da mídia optou por camuflar o passado de Fernando Collor,
para facilitar sua ascensão ao Planalto. Manipulações, editoriais tendenciosos e
acobertamento de atitudes imorais foram algumas das ferramentas de certos “jornalistas”
para que o ‘Caçador de Marajás’ vencesse Lula.
Por causa
desse episódio, especificamente, as regras ficaram mais rígidas,
com o passar dos anos. Punições para aqueles que fizessem campanha abertamente
começaram a aparecer, como nos episódios em que Carlos Massa, o Ratinho, ao proferir
comentários contra Mário Covas, acabou custando um dia inteiro de punição para o SBT, em
plena campanha eleitoral de 1998; mesmo ano em que a Record foi punida, por
comentários tendenciosos de Gilberto Barros.
Mas essas
eventuais limitações não eram suficientes para inibir alguns dos órgãos de
imprensa acostumados ao jogo sujo. Revista Veja, jornais como a Folha de SP, O
GLOBO, Zero Hora e Estadão foram colocando suas manguinhas de fora, sempre em prol do PSDB,
assim como a Carta Capital erguia bandeira a favor do PT; um claro desserviço
ao jornalismo brasileiro.
Mas enquanto
as coisas se resumiam ao partidarismo das redações, o problema não era tão grave
- ao menos para os padrões brasileiros. O problema começou quando a própria
imprensa se viu envolta em escândalos de corrupção.
O maior e
mais grave foi o da Rede Globo, ao qual boa parte dos coleguinhas ajudou a
silenciar e acobertar. Segundo a Receita, houve “em essência, um disfarce para o verdadeiro negócio realizado, que foi a
aquisição do direito de transmissão dos jogos da Copa, em vez da compra das
quotas da empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas”.
A mesma
Globo cujo mandatário do “jornalismo”, Ali Kamel, faz campanha permanente
contra o PT e pró Tucanos, há anos. A mesma que apoiou as manifestações do dia 15 de março contra a corrupção do governo Dilma. Triste, se não fosse cômico.
Mais recentemente,
tivemos a descoberta que Carlinhos Cachoeira, o bicheiro mais influente do
país, estava ditando as regras na redação da Veja.
E qual é a
revista semanal de “informação” que mais cobra moralidade do governo federal?
Hipocrisias
iguais a estas se tornaram frequentes, nas redações de boa parte dos veículos
de comunicação. E não apenas na chamada ‘grande mídia’. Alguns blogs afeitos a
proteger e blindar o PT, como os do Paulo Henrique Amorim e Luiz Nassif também
partidarizaram a coisa. Ao blindar um, em detrimento da verdade, você
compromete a essência do jornalismo: ser crítico, imparcial, investigativo;
registrar o fato, sem nunca provocá-lo. Poucos por estas bandas fazem isso.
Pensa que a
vergonha para por aqui? Ledo engano. Quando se pensava que a mídia nacional já
tinha chegado ao fundo do poço, conseguiram achar um subsolo.
Tão ocupada
e concentrada em esmiuçar os desvios do Partido dos Trabalhadores e aliados nas
ações indevidas frente à Petrobras, que os maganos da comunicação esqueceram-se
de encobrir os próprios rastros em suas próprias condutas imorais. E eis que
surge o Suiçaleaks, uma lista de várias pessoas (empresários, artistas,
políticos e JORNALISTAS) que mantinham contas secretas na Suíça, no banco HSBC.
Enquanto miravam petistas, empreiteiras e poupavam tucanos na operação Lava
Jato, os barões da mídia não viram o torpedo se aproximando.
A situação
se torna mais patética quando percebemos que o único “jornalista” com acesso à
lista, era Fernando Rodrigues, fantoche do grupo Folha, justamente o veículo
cujos donos estavam na famigerada lista de sonegadores do Suiçaleaks. Um
constrangimento atroz.
A princípio,
Rodrigues optou por divulgar apenas 8 nomes, os mais propensos a constranger o
governo. Não deu certo. De uma lista de quase oito mil brasileiros, era muito
pouco. Um concorrente de Fernando, do jornal O Globo, conseguiu acesso à mesma
lista e divulgou. E TCHAM!! Lá estavam os integrantes da família Frias (donos
da Folha de SP e do Portal UOL) e até da viúva de Roberto Marinho, Lilly
Marinho.
Houve um
corre-corre para focar na parte da lista que citava apresentadores (Ratinho e
Jô Soares), artistas (Maitê Proença, Claudia Raia) e outros peixes menores, mas
não menos importantes. Os barões da mídia, sarcasticamente chamados de P.I.G.
(Partido da Imprensa Golpista) tentavam, irmanamente se blindar.
Ainda assim,
a caça aos larápios da Petrobras continuava. Como deveria ser feita por jornalistas dignos, o que não era o caso.
Surge,
então, a Operação Zelotes. A Polícia Federal acredita que ao menos 12 empresas
negociaram ou pagaram propina para reduzir débitos com a Receita. Os 74
processos abertos na operação somam R$ 19 bilhões. Segundo a PF, "já
foram, efetivamente, identificados prejuízos de quase R$ 6 bilhões".
Mais um escândalo,
mais uma vez um veículo de “imprensa” envolvido. Qual seria a moral de um grupo
investigado pela Receita e pela Polícia Federal de criticar os desmandos de
políticos, desafetos que destoam da vertente dos proprietários? Tanto a RBS,
quanto o jornaleco Zero Hora usam editoriais para destilar todo o fel contra os
que não são de sua turma. Um erro costumeiro de parte de uma mídia.
Talvez fosse
a hora de cortar na própria carne, para mostrar que se há raposas em Brasília,
claramente há em vários veículos de imprensa Brasil afora.
Nunca vimos
tantos nomes de peso do jornalismo envolvidos em escândalos, em tantas ações
imorais. O que leva alguém a perverter os ideais de uma profissão tão nobre? Como
se chega ao ponto em que se encontra uma revista Veja, outrora formadora de
opinião, hoje apenas um reduto de reacionários da pior estirpe? Gente que
prefere ver o barco afundar só para mostrar que estavam com a razão. Mesmo
sabendo que afundariam juntos.
Em uma
sociedade evoluída, poderíamos esperar que acontecimentos desse tipo poderiam
ser isolados. Mas pelo histórico da imprensa nacional, pós-1989, as chances de
escândalos assim não se repetirem são ínfimas.
Quem
diria...Boa parte dos políticos está envolvida em atitudes ilícitas, assim
como boa parte da imprensa. Andando de mãos dadas, juntos assaltando os cofres
da Viúva.
Quem
diria...